Nonato Guedes
O quadro de pré-candidaturas para a sucessão municipal em Campina Grande cada vez mais fica pulverizado, como ocorreu, agora, com a decisão do PSD, presidido pela senadora Daniella Ribeiro, de lançar uma candidata à cadeira de Bruno Cunha Lima (União Brasil), sugerindo os nomes da secretária Rosália Lucas e da vereadora Eva Gouveia, além de admitir o próprio nome como alternativa. A pretensão do PSD se deu às vésperas da Plenária do PSB que deverá sacramentar o nome do secretário de Saúde, Johny Bezerra, como opção para o páreo, contando com a presença do governador João Azevêdo. Ontem, falando de Patos à rádio Arapuan, o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, afirmou que o partido a que é filiado, o Republicanos, espera pelo ex-prefeito Romero Rodrigues (Podemos), que pode se constituir em fator decisivo no esquema oposicionista local.
A base de apoio ao governador João Azevêdo na Rainha da Borborema está motivada para derrotar nas urnas o esquema do prefeito Bruno Cunha Lima, candidato à reeleição, que conta com o reforço dos senadores Efraim Filho, Veneziano Vital do Rêgo e do ex-candidato a governador Pedro Cunha Lima. O PSB dirigido por Jhony e o PSD comandado pela senadora Daniella admitem convergir para uma chapa de consenso no bloco de oposição, mas, enquanto isto não ocorre, buscam se fortalecer e apresentar alternativas, esperando sensibilizar o próprio governador João Azevêdo na definição a ser tomada. O Republicanos, principalmente o deputado Adriano Galdino, tem se atritado com expoentes do “clã” Ribeiro, divididos entre a senadora Daniella no PSD, seu filho Lucas na vice-governança do Estado e o irmão Aguinaldo na Câmara dos Deputados. Ontem, depois de troca de farpas entre ele e Daniella em emissoras de rádio, Galdino admitiu que a senadora é um nome de peso para enfrentar a corrida eleitoral em Campina Grande.
Mas Galdino não esconde que sua preferência é direcionada, mesmo, para o nome do ex-prefeito e atual deputado federal Romero Rodrigues, redobrando as fichas que tem apostado no rompimento deste com o prefeito Bruno Cunha Lima, de quem está distanciado desde o ano passado, e na coragem de Romero para assumir, novamente, o desafio de candidatar-se à municipalidade, diante do prestígio que mantém intacto em parcelas do eleitorado campinense, tal como atestam números de pesquisas informais insinuadas através de meios de comunicação. Rodrigues teria a opção de permanecer no Podemos e, mesmo assim, receber apoios de partidos como o Republicanos para uma candidatura, como pode vir a indicar sua esposa, doutora Micheline, para candidata a prefeita ou para candidata a vice numa das chapas ligadas ao governador João Azevêdo, preferencialmente a que se articula tendo na cabeça o nome do secretário Jhony Bezerra. Adriano sempre ponderou que Romero já deveria ter se decidido há muito tempo, mas sempre deixou claro o seu respeito ao “tempo” das decisões do ex-prefeito e ex-deputado federal.
Os movimentos para a atração de Romero – considerado elemento desestabilizador no processo sucessório campinense – não sensibilizaram o governador João Azevêdo a ponto de fazê-lo cravar que o ex-prefeito terá espaço no seu esquema para concorrer à sucessão de Bruno Cunha Lima. O chefe do Executivo estadual argumenta que o seu grupo trabalha para a preparação à disputa independente do “fator Romero”, o que não quer dizer que não haja campo para diálogo com ele ou com emissários dele, autorizados ou credenciados para firmar posições de compromisso relacionadas às eleições de outubro. Ultimamente o ex-prefeito adotou como tática o silêncio, seguido de distanciamento dos debates que têm agitado as rodas políticas e despertado a atenção da mídia paraibana. Essa tática preserva canais de diálogo para Romero em outras frentes, como a oposição ao esquema do prefeito Bruno Cunha Lima, mas também lhe assegura liberdade para compor-se com o grupo a que estava alinhado, se considerar interessante ou se lhe apetecer, de verdade, uma recomposição, com superação de mágoas e ressentimentos que são do domínio da opinião púbica paraibana. Em última análise, a pose de Romero como “esfinge” tem alimentado prognósticos a seu respeito e concentrado atenções na sua personalidade.
O fato é que, na movimentada conjuntura política-eleitoral do segundo colégio da Paraíba, em meio a indefinições que são tidas como cruciais, o tabuleiro está se mexendo, de que são exemplos o lançamento do indicativo de candidatura própria a prefeita pelo PSD da senadora Daniella Ribeiro e a convocação da Plenária do PSB com o nome do secretário Jhony Bezerra posto na mesa para avaliações de cenário dentro da estratégia de acumular forças para derrotar o prefeito Bruno Cunha Lima, que está no seu primeiro mandato no executivo campinense. O deputado Adriano Galdino, cujo irmão, Murilo (deputado federal) preside o diretório municipal do Republicanos na cidade, antevê a perspectiva de fatos importantes para a evolução do cenário de disputa, baseado em que o calendário está avançando e tanto os partidos como os líderes querem se posicionar para não serem escanteados na tomada de posições. Em tese, ele continua defendendo o nome de Romero até para rachar o bloco de Bruno, mas Adriano, que é experiente, está aberto a outras opções que, a seu ver, favoreçam uma vitória do esquema do governador João Azevêdo, infligindo derrota a grupos que se alternaram no poder nas últimas décadas na Rainha da Borborema.