A mídia sulista repercutiu a ausência do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), na cerimônia de posse do novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por um jantar de campanha para sucessão na Câmara, na Paraíba, a pretexto de comemorar o aniversário do deputado federal Damião Feliciano, do União Brasil, em João Pessoa. Tales Faria, colunista do UOL, afirmou que a grande ausência da cerimônia em Brasília foi Lira, “que é o comandante do Centrão, aquele grupo amórfico de centro-direita, e até um pedacinho da centro-esquerda, que trabalha muito em torno do fisiologismo, que se aproveita de todas as situações para esticar a corda e tentar arrancar ao máximo de benesses possíveis do Estado – só que às vezes estica a corda demais”.
Tales Faria ironizou a presença de Arthur Lira no jantar em homenagem a Damião Feliciano: “Deve ter sido um jantar importantíssimo para estar na casa de um deputado. Ele não foi ao Supremo para participar desse jantar. Estava lá também outro deputado, o Elmar Nascimento (União Brasil-BA), candidato de Arthur Lira à presidência da Câmara. Ele já está trabalhando a sua sucessão e foi lá (na Paraíba) fazer campanha para Elmar Nascimento, levando a tiracolo o ministro de Comunicações Juscelino Filho, que também é do União Brasil”, acrescentou o colunista. Tales Faria disse ainda que Lira, ao não marcar presença na solenidade em Brasília, quis mandar um sinal para os outros poderes – Executivo e Judiciário.
“Deve ser muito mais importante a campanha para a sucessão dele do que a posse no Supremo. Na verdade, ele quis dar um sinal. A brincadeira que estava lá é que ele saiu do jantar ontem para hoje andar nas dunas (…) Não tem nada disso confirmado de que ele foi para as dunas, o fato é que ele faltou à cerimônia” – analisou o colunista, adiantando: “E faltou para dar um sinal ao governo e ao Supremo de que ele não está muito satisfeito e afinado com o governo nem com o STF, aproveitando-se dessas operações agora do Supremo contra dois deputados, que ele nem morre de amores, nem chegou a se manifestar. Ele quer só fazer um sinal e dizer: “olha, toma cuidado porque se a insatisfação aqui crescer, vocês têm que dar mais coisas (emendas) para evitar que a turma do Centrão atira ao PL, que está revoltoso essas operações”.
– Ou seja, para tornar mais caro o apoio dele, no fundo é isso que o Centrão comandado por Arthur Lira vai fazer agora. Esse é, no momento, a nova ameaça. Por quê? Porque quando você enche de medidas impositivas no orçamento e impede que haja condição de o Executivo decidir as políticas públicas, você cria problemas institucionais também. Está se saindo de uma questão de um tipo de golpismo para outro tipo de golpismo mais branco e sutil, mas quase tão perigoso quanto – disse Tales Faria em seu comentário no UOL News. Para ele, diminuiu no Brasil um risco de um ataque frontal do tipo do que ocorreu em 8 de janeiro de 2023, mas há outros ataques, aludindo à movimentação do presidente da Câmara, Arthur Lira, contra o Palácio do Planalto, por não acatar emendas impositivas apresentadas por parlamentares para beneficiar redutos eleitorais nos seus Estados.
Outras versões indicam que Arthur Lira e o ministro Juscelino Filho fizeram um pit stop em João Pessoa antes de seguirem para um passeio de rally, ontem, na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte. Embora o Congresso Nacional esteja em recesso e só retome os trabalhos na próxima semana, a movimentação política em Brasília é intensa, com a posse do ministro da Justiça do governo de Lula e os preparativos para a posse do ex-ministro Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal.