As sucessivas investidas da Polícia Federal sobre integrantes do Partido Liberal (PL) nas últimas semanas abriram um novo capítulo na disputa pelas eleições municipais deste ano. Adversários da legenda vão usar as acusações para atacar os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, nos pleitos locais. O senador Humberto Costa, do PT-PE, pediu investigação sobre a participação do partido em uma tentativa de golpe e disse que, se comprovada a atuação, vai pedir a cassação do registro do partido por envolvimento em atividade criminosa.
A meta de Valdemar da Costa Neto à frente da legenda é de alcançar mil prefeituras neste ano, mas o desgaste do PL tem se acentuado e ele próprio foi alvo de prisão por porte ilegal de arma, além de enfrentar mandado de busca e apreensão na operação da quinta-feira, 8, sob a alegação de que teria participado de uma tentativa de golpe de Estado contra a democracia brasileira. Dias antes, o vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, foi alvo da PF. Membro do Republicanos, o filho do ex-presidente também está migrando para o PL. A ação contra ele ocorreu na esteira das operações em torno de Alexandre Ramagem, do PL-RJ, ex-diretor da Abin no governo Bolsonaro, e contra Carlos Jordy, líder do PL na Câmara.
Uma reportagem do UOL revela que “o custo Bolsonaro” ficou mais alto. O ex-presidente foi cabo eleitoral importante para o PL eleger a maior bancada da Câmara – 99 deputados, e do Senado – 14 senadores, além de dois governadores. Mesmo com Bolsonaro inelegível, a ideia no partido é que ele continue fazendo campanha para os aliados em 2024. A narrativa do PL foi anunciada por Valdemar no fim de janeiro ao UOL, quando disse que o ministro do STF Alexandre de Moraes está perseguindo o partido de Bolsonaro. Parlamentares da legenda já estão comparando a situação do PL com a do PT durante a Operação Lava Jato. Os petistas sempre insistiram que havia uma perseguição contra Lula e a operação acabou sendo anulada pelo STF.
– Tivemos recentemente no Brasil um episódio que chocou a sociedade brasileira, o caso da Lava Jato, onde o STF declarou a suspeição de um juiz, se identificou um possível conluio entre juízes e promotores e essas ações estão sendo desmontadas em função da nulidade do processo – reagiu o senador Rogério Marinho, do PL-RN, ontem à tarde. Ele mencionou os acordos de delação e de leniência da Lava Jato. A operação que atinge o PL considerou as informações apresentadas por Mauro Cid em colaboração premiada. “Quanto mais perseguir, mais vamos estar juntos”, prometeu o deputado federal Sóstenes Cavalcante, do PL-RJ.