Nonato Guedes
Presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o deputado federal Gervásio Maia considera praticamente “sacramentada” a chapa do esquema do governador João Azevêdo às eleições municipais de outubro para a prefeitura de João Pessoa, com a manutenção dos nomes do prefeito Cícero Lucena (PP) e do vice-prefeito Leo Bezerra, do agrupamento socialista. De acordo com o parlamentar, há um consenso quanto à chapa da reeleição diante da afinidade entre o titular e o vice e do bom entendimento que vigora entre os dois partidos (o PP integra o governo do Estado com o vice-governador, Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella Ribeiro, presidente do PSD). Gervásio prevê engajamento efetivo das principais lideranças políticas dos dois partidos e das demais legendas que compõem a coalizão de forças liderada pelo governador do Estado.
O anúncio do consenso em torno da chapa vem dirimir dúvidas que ainda afloravam nas hostes políticas, ora especulando a possibilidade de uma candidatura própria do PSB à prefeitura da Capital, ora indicando que em caso da manutenção do apoio a Cícero o próprio PSB trocaria o nome de Leo Bezerra por outro das suas fileiras. Na verdade, tem sido decisiva na montagem da chapa para 2024 a própria movimentação do prefeito Cícero Lucena, por um lado, dialogando com dirigentes socialistas, como aconteceu em conversas com o secretário Tibério Limeira, presidente municipal. Por outro lado, é fator de influência a postura do governador João Azevêdo, acenando para a continuidade e, ao mesmo tempo, tecendo elogios à administração de Cícero e ao desempenho do vice-prefeito dos quadros do PSB. O próprio Gervásio, que acenou com a hipótese de candidatura própria, rendeu-se aos fatos e endossa sem vacilo a composição que está desenhada.
A avaliação que se faz, na órbita governista, é que depois de uma fase de dificuldades com que conviveu e que despertou bombardeio natural dos adversários políticos, o prefeito Cícero Lucena conseguiu fazer com que a administração de João Pessoa deslanchasse, com investimentos em obras de infraestrutura e agilidade na execução de demandas que vinham sendo cobradas insistentemente por parcelas da sociedade local. Isto se deveu a que houve um planejamento mais organizado da gestão na Capital, bem como foi reforçado o entrosamento com o governo João Azevêdo, que é o beneficiário maior de programas de repercussão anunciados e deflagrados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Colateralmente, João Pessoa ganhou um grande influxo no segmento do Turismo, com geração de renda e empregos temporários. O incremento de atividades culturais e de eventos pré-carnavalescos têm atraído público considerável, situando a Capital paraibana no contexto dos centros urbanos brasileiros mais procurados, ou preferidos, desde o final do ano passado. Esta realidade alimentou otimismo junto ao empresariado local e abriu oportunidades ou perspectivas de investimento, alcançando reflexos, inclusive, na ocupação do Centro Histórico que caminhava para um completo esvaziamento.
O prefeito Cícero Lucena tem plena consciência de que ainda há pontos vulneráveis da sua gestão que precisam ser atacados com prioridade para que se efetive o ciclo de ascensão e de desenvolvimento pleno de João Pessoa, sem falar no incremento de políticas públicas que carecem de atenção em segmentos como a Saúde e a Educação. Mas já não subsiste mais a orquestração desencadeada quanto a uma suposta paralisia da prefeitura na atual gestão – que constitui a terceira com a assinatura de Cícero Lucena, contabilizando-se as duas primeiras na virada para o ano 2000. Os desafios, também, são de outra ordem e se tornam mais vigorosos, ante a proximidade do marco-símbolo de um milhão de habitantes para o qual se encaminha a Capital de todos os paraibanos. Isto tem exigido adaptações e reavaliação das próprias prioridades projetadas, a fim de que a administração esteja, concretamente, sintonizada com os novos tempos e com as reivindicações incorporadas à agenda de todos os segmentos.
A conjuntura que se descortina como favorável tem a ver, ainda, com mudança de postura adotada pelo prefeito Cícero Lucena no estilo de governar João Pessoa, ampliando os eixos de participação popular na sua administração e em paralelo focando em prioridades que são consensuais porque constituem reclamos inadiáveis que, por isso mesmo, exigem equacionamento rápido e sensibilidade do poder público no cumprimento do seu papel como agente indutor do progresso e da melhoria da qualidade de vida da população. Por fim, o prefeito Cícero Lucena abandonou a discussão de temas polêmicos que dificilmente encontram apoio junto à sociedade de João Pessoa e acabavam fornecendo munição para adversários interessados em dispor de bandeiras para combatê-lo na disputa eleitoral que se avizinha. Cícero, dizem os seus aliados, vai para a reeleição com um portfólio de realizações a apresentar ao eleitorado e com crédito para postular a renovação do seu mandato, pela reiteração dos compromissos com a população de João Pessoa. Este é um cenário que cabe a ele manter sem maiores atropelos até o curso da campanha propriamente dita, quando será chegada a hora da verdade sobre os destinos de João Pessoa pelos próximos anos.