Nonato Guedes
Um estudo encomendado pelo Palácio do Planalto demonstrou que a aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em alta, alcançando 62% da população brasileira, segundo o jornalista Lauro Jardim, de O Globo. A pesquisa foi realizada pelo Ipri (Instituto FSB) entre os seis e trinta de janeiro com 21.515 pessoas dos 27 Estados brasileiros. De acordo com o levantamento, 62% dos brasileiros “aprovam o trabalho do governo federal” contra 59% de dezembro. A subida de três pontos percentuais supera a margem de erro de 2% e a queda da reprovação também foi registrada em 3%, saindo de 32% para 29%.
Em maio de 2023, a aprovação chegou a 50%, uma queda de 14% em comparação com fevereiro de 2023. A desaprovação chegou a 40% em maio. Ou seja, o governo chegou a ter um momento de fragilidade mas se recuperou aos níveis iniciais durante o último semestre de 2023, conforme revela uma reportagem da Revista Forum. Os últimos resultados econômicos, com aumento salarial, redução da inflação e crescimento maior do que em 2022 são sinais considerados positivos que podem justificar o aumento da popularidade do governo federal. Vale destacar que a pesquisa não se refere especificamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas às políticas implementadas pelo governo federal no país sob o comando do líder petista.
Pode-se alegar que os indicadores colhidos sinalizam um crescimento vegetativo e não significativo da aprovação do governo de Lula. Para fontes ligadas ao núcleo de poder em Brasília o resultado torna-se importante porque aponta que existe uma percepção favorável, junto a segmentos da população, quanto a ações desencadeadas pela terceira gestão do líder petista e que essa percepção é acompanhada do reconhecimento dos efeitos ou do impacto produzido por políticas públicas implementadas até agora. O presidente Lula, nos seus pronunciamentos, tem enfatizado a prioridade que procura dar ao processo de retomada do desenvolvimento do país, que, para ele, ficou estagnado nos últimos anos, chegando ao ponto de operar-se um verdadeiro desmonte de programas de alcance social que, a rigor, deveriam ter sido incentivados com novos e maciços investimentos.
O governo de Lula tem consciência de que ainda há um vasto contencioso de demandas reprimidas que precisarão ser atendidas com certa urgência por parte da máquina pública, mas de sua parte tem procurado avançar na atuação dos ministérios estratégicos para compensar perdas infligidas à sociedade em períodos administrativos de escassez de obras, serviços e investimentos. As primeiras iniciativas por parte do governo atual foram encetadas com vistas a reorganizar o Estado e dar-lhe a funcionalidade que não estava tendo no atendimento das reivindicações sociais mais prementes. Em paralelo, o governo não se descurou dos compromissos assumidos ou agitados na campanha eleitoral com a retomada do crescimento econômico e controle da inflação em níveis ou patamares assimiláveis pela sociedade. Só que, na opinião de interlocutores do presidente da República, esse é um trabalho hercúleo que exige o engajamento de toda a sociedade para fazer frente aos desafios que precisam ser enfrentados. Ainda agora, o presidente Lula retomou a agenda internacional, com visitas a países que têm o que oferecer ao Brasil na fase que voltou a experimentar – e a expectativa é de que os frutos dessa missão sejam colhidos com brevidade, fazendo jus às aspirações nacionais crescentes.
Um detalhe que cabe mencionar na avaliação do desempenho do governo Lula é que ele permanece submetido ao ambiente de polarização política-ideológica que o esquema bolsonarista, derrotado nas eleições de 2022, tem interesse em fomentar sistematicamente como estratégia para garantir espaços de sobrevivência que estão ameaçados, inclusive, por operações policiais desencadeadas contra bolsões radicais do bolsonarismo. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta desesperadamente abrir brechas para voltar à cena, revertendo sua inelegibilidade que foi decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral, prepara um ato público para os próximos dias no coração de São Paulo a pretexto de se defender de acusações que lhe são imputadas. Na prática, é mais um movimento de reação para testar os limites do fôlego do bolsonarismo na conjuntura presente, em que o país ainda se debate com graves desafios. Também não deixa de ser uma orquestração para tentar desestabilizar o governo de Lula psicologicamente, desviando o foco das atenções nas prioridades reais para discussões vazias sobre perseguição e revanchismo político. Ao governo cabe manter o bom senso e o equilíbrio, bem como a confiança em que a própria Justiça saberá coibir os excessos, tal como tem agido de forma permanente para desativar os focos de radicalização que acabam tumultuando o exercício do próprio governo e a normalidade do país para o enfrentamento dos seus problemas no dia a dia.