Poucos radialistas conhecem a história do sindicato da categoria. Sim, existe um sindicato da classe dos radialistas. A entidade teve como primeiro presidente o companheiro Assis Mangueira, pessoa da mais alta qualidade. Eu fui a segunda pessoa a presidir o Sindicato. Depois da minha saída, o Sindicato passou a ser comandado por Moisés Marques. Está lá já faz décadas.
Mas o que eu gostaria de relatar neste texto é sobre como cheguei a ser presidente do Sindicato dos Radialistas. Na verdade nunca me passou pela cabeça ocupar este cargo. Quando a campanha começou estavam em disputa dois candidatos: Edil Ferreira, com ligações fortes com a CUT e o PT, e Jackson Bandeira. Em conversa com meu amigo Edmilson Pereira a gente avaliava que deveria haver um terceiro nome e foi aí que surgiu o meu. Edmilson passou a espalhar que eu seria candidato para sondar junto aos eleitores. A receptividade foi a melhor possível. Decidi encarar a disputa e cai em campo, viajando pelas principais cidades do Estado em busca de votos. Em cada cidade consegui colocar um representante em minha chapa, menos na cidade onde nasci: Cajazeiras. Lá todo mundo tinha fechado com a candidatura de Edil, que havia colocado em sua chapa o radialista Ribamar Rodrigues.
A disputa foi bastante acirrada. Fui o segundo mais votado e a eleição acabou indo para o segundo turno. Meu adversário no segundo turno foi Edil Ferreira, que já atuava no sindicato fazendo parte da gestão de Assis Mangueira. Jackson Bandeira, que perdeu a eleição, passou a me apoiar no segundo turno. No primeiro turno Gilson Souto Maior foi impedido de votar porque não estava em dia com o Sindicato. Mangueira consultou os três candidatos se ele poderia votar. Eu disse que por mim não havia problema. Já Edil foi contra. Eu sabia que o voto de Gilson seria para Jackson. Esse fato acabou me beneficiando. Quando veio o segundo turno Gilson disse que trabalharia de corpo e alma pela minha candidatura. Foi para Campina Grande pedir votos e foi graças aos votos de Campina que eu venci a eleição.
A eleição no primeiro turno foi no dia 15/07/1989 e no segundo turno em 22/07/1989. A posse da diretoria ocorreu no dia 04/08/1989 na sede da Associação Paraibana de Imprensa (API). Na solenidade, presidida por Assis Mangueira, estavam presentes o representante da Delegacia Regional do Trabalho, Marcelo Menezes; o presidente da Assembleia Legislativa, deputado João Fernandes da Silva e os presidentes da API e do Sindicato dos Jornalistas, Rubens Nóbrega e Carlos César, respectivamente, dentre outras autoridades.
A diretoria contava com nomes como de Jandui Mendonça (vice-presidente), Edmilson Pereira (secretário-geral), Ivan Nunes (tesoureiro), Gomes Filho (diretor de administração e patrimônio), Ápio Grácio (diretor de formação sindical), Sílvio Carlos (diretor de imprensa) e Tony Show (diretor de cultura).
Voltando ao caso de Cajazeiras, onde não tirei um voto dos radialistas. Quando me elegi decidi criar delegacias sindicais em algumas cidades. Comecei por Cajazeiras. Lá chegando para eleger o representante fui procurado por Ribamar Rodrigues, que havia feito parte da chapa de Edil. Ele queria saber se eu tinha algum candidato em mente. Respondi que não, já que havia perdido a eleição nos dois turnos. Sugeri que ele fosse o candidato, justamente por ter me derrotado. Ele topou e foi o escolhido. Depois de eleito ele começou a trabalhar e buscou regularizar a situação de muitos profissionais que não tinham o registro de radialista. Dei total apoio e com sua ajuda encaminhamos para a Delegacia do Trabalho as carteiras dos radialistas que não tinham registro profissional.
Passei metade do meu mandato como presidente do Sindicato. Em 25/03/1991 comuniquei a minha renúncia para poder assumir o cargo de Diretor Operacional da Rádio Tabajara. Em meu lugar assumiu o vice-presidente, o amigo Jandui Mendonça. Na sequência veio Moisés Marques, que está até hoje no comando da entidade.