Morreu em João Pessoa no início da madruga deste domingo (25), aos 74 anos de idade, o jornalista paraibano Agnaldo Brito de Almeida, um dos mais brilhantes profissionais da imprensa no Estado e o mais longevo editor do jornal oficial “A União”, onde imprimiu revolução técnica-editorial que ainda hoje é mencionada como divisor de águas no segmento, pelas inovações introduzidas, pela criatividade e pela valorização da reportagem. Ele foi, também, colunista político de jornais como O Norte e Correio da Paraíba, editor de outros órgãos e participou de programas de debates em emissoras de rádio e televisão. Formou gerações de profissionais que ainda hoje atuam e o reverenciam como o “Alberto Dines” da imprensa paraibana.
Natural de Campina Grande, Agnaldo Almeida estava internado em um hospital da capital e a confirmação de sua morte foi dada pela sua esposa, a também jornalista Naná Garcez, presidente da Empresa Paraibana de Comunicação. O velório acontece a partir desta manhã no Cemitério Parque das Acácias, com cremação prevista para as 17h, conforme comunicação feita em redes sociais. Ele foi secretário estadual de Comunicação e também dirigente da Associação Paraibana de Imprensa, com atuação no Sindicato dos Jornalistas Profissionais e junto à Fenaj – Federação Nacional de Jornalistas Profissionais. Foi dos quadros da revista “A Carta”, comandada por Josélio Gondim, já falecido, e da TV Tambaú. Luiz Carlos Sousa, atual editor de política do jornal “A União”, disse, recentemente, que além da qualidade do trabalho de Agnaldo, que era inquestionável, impressionava-lhe a capacidade de gerir, de incentivo. Uma das últimas homenagens que ele recebeu foi na Academia Paraibana de Letras, onde recebeu o troféu “Solito”, concedido pela Confraria Sol das Letras.
Os depoimentos de ex-colegas são unânimes e convergem para o reconhecimento do papel decisivo que Agnaldo Almeida teve no processo de atualização e modernização do jornal A União a partir do começo dos anos 1980. O jornalista Petrônio Souto, em depoimento a respeito do companheiro, revelou que mesmo diante de uma crônica precariedade de meios, Agnaldo Almeida colocou A União na vanguarda do jornalismo paraibano. “Ele sempre foi apaixonado pela palavra escrita, pelo jornalismo e sobretudo pelo ato de fazer jornal”, endossou Petrônio Souto. Jornalista respeitado pela postura crítica e independente que adotava no exercício das atividades e, também, pelo rigorismo com que imprimia sua marca nos empreendimentos jornalísticos, Agnaldo Almeida fez palestras e conferências e participou intensamente de discussões sobre o futuro da comunicação na Paraíba, tornando-se referência obrigatória nos compêndios de história local.
Agnaldo era formado em Bioquímica e Direito, com passagens pelo Curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba. Num depoimento para o livro “Imprensa de Cada UM – 15 Anos Depois”, dos jornalistas Jorge Rezende e Nara Valusca, Agnaldo elogiava a forma como a questão da ética vinha sendo trabalhada e respeitada pelas novas gerações de jornalistas. “Pelo menos com os profissionais com quem tenho trabalhado, o nível está bom. Todos parecem convencidos de que notícia tem dois lados e que não se pode atacar ninguém sem que lhe seja dado o direito de resposta”. Diante do quadro que envolveu a falta de incentivos por parte dos próprios empresários de comunicação a falhas dos profissionais, passando por legislações ultrapassadas, Agnaldo defendia que as empresas pagassem melhores salários e investissem na capacitação dos profissionais. Além disso, advertia, “faz-se necessário que os jornalistas percam um pouco a vaidade e se disponham a aprender cada vez mais. Ler muito já seria um bom caminho”.