Campina Grande amanheceu com a notícia do falecimento do renomado arquiteto Geraldino Pereira Duda, aos 88 anos. Reconhecido como o “pai da arquitetura moderna” na região, Duda deixou um legado significativo que moldou a paisagem urbana da cidade para as gerações futuras.
O arquiteto, nascido em 06 de março de 1935, foi um visionário que dedicou décadas de sua vida à arquitetura inovadora, transformando a estética e funcionalidade de diversos espaços da Rainha da Borborema.
Um dos marcos de sua carreira foi o Teatro Municipal Severino Cabral, uma obra que se destaca como símbolo da sofisticação arquitetônica e cultural da cidade. A forma triangular do terreno levou o arquiteto a projetar o prédio como se fosse o bico de uma flauta, mas muitos o imaginam um apito. O projeto, concebido por Duda, tornou-se um palco para eventos culturais e artísticos, deixando uma marca indelével na cena local e reconhecido nacionalmente pela sua acústica.
Além disso, Geraldino Pereira Duda deixou sua assinatura em projetos que influenciaram o planejamento urbano da cidade, como a Igreja Nossa Senhora da Guia, no bairro de São José; a reforma do cine Babilônia, na década de 60, que o conferiu as mais modernas salas de projeção da época; e a Praça Clementino Procópio, com seu design arrojado e integrado à natureza, refletindo a visão vanguardista do arquiteto.
Além disso, o arquiteto tem seu nome marcado no planejamento urbano de Campina Grande, através do traçado de várias avenidas, como a continuação da Floriano Peixoto em direção ao bairro Dinamérica e o Projeto Multilagos.
“A partida de Geraldino Pereira Duda deixa um vazio na comunidade arquitetônica e cultural de Campina Grande. Sua dedicação e paixão pela arquitetura moderna foram fundamentais para moldar a identidade visual de Campina Grande. Sua genialidade continuará a inspirar profissionais e amantes da arquitetura por muitas gerações”, disse o secretário de Cultura Ronaldinho Cunha Lima.
Félix Araújo Neto, secretário de Planejamento, disse que Duda deixa um legado impressionante para a cidade. “Hoje perdemos um grande homem. Geraldino Duda deixa um legado impressionante, uma história marcada por inteligência, dignidade e arte. Sua vida foi inteiramente dedicada à arquitetura e à Campina Grande, contribuindo com projetos fundamentais que estão no coração da nossa história”.
O engenheiro civil da Seplan, Alexandre Araújo, falou da surpresa com a notícia. “Surpreso com a notícia do falecimento de Dr. Geraldino Duda, um amante de Campina Grande, que tive o prazer de conhecer e trabalhar junto. Criador de importantes projetos pra Campina, urbanísticos ou não. A cidade deve a ele muito do que existe hoje edificado. Um ser extraordinário, sempre disposto a compartilhar seus conhecimentos”, falou. Morgana Targino, arquiteta e urbanista completou: “Campina perde hoje uma das pessoas que mais sonhou por ela! E para nós, urbanistas, não consigo nem mensurar”.
Emocionado, Túlio Duda Paz, neto de Seu Duda, falou sobre o avô. “A história de Geraldino Duda se entrelaça com Campina Grande, uma história de desenvolvimento da cidade. Durante toda sua vida ele foi um grande humanista que projetou a cidade para o futuro. Na década de 70, Campina foi destaque nacional pela produção arquitetônica da época, e eram produções dele, muitas edificações dele ainda identificam a cidade, hoje, como edificações futuristas”, disse.
O velório de Geraldino Pereira Duda ocorre na capela central do Cemitério Campo Santo Parque da Paz, e o sepultamento está previsto para as 17 horas no mesmo local. A cidade se despede de um ícone, mas seu legado permanecerá como um testemunho eterno de inovação e contribuição para o desenvolvimento urbano de Campina Grande.
GERALDINO PEREIRA DUDA
O arquiteto Geraldino Pereira Duda nasceu em Campina Grande no dia 06 de março de 1935 e logo ingressou no serviço público onde trabalhava como desenhista. Não contente em reproduzir desenhos, prédios, pontes e praças, sempre aproveitava a oportunidade para opinar nos desenhos de planta baixa, por esse motivo, tornou-se assistente técnico e veio à vontade de estudar, ingressando no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal da Paraíba.
Conhecido entre os amigos, na década de 50, como “o pai da arquitetura moderna”, por inovar nas construções, pelas mãos dele os antigos prédios ganharam linhas modernas e nas décadas de 70 e 80 as construções foram alvo de publicações nacionais por conta da ousadia de suas obras.
A maior obra dele, na cidade, foi o Teatro Municipal Severino Cabral, e na década de 80 a Casa de Espetáculos recebeu o aluno de Engenharia Civil para sua colação de grau no curso. Na época, ele não escondia a emoção de colar grau no prédio que ele mesmo projetou.
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