Nonato Guedes
Desde que se investiu no comando do diretório estadual do MDB, sucedendo ao ex-governador José Maranhão (in memoriam), o senador Veneziano Vital do Rêgo tem se dedicado a um trabalho de “formiguinha” para incrementar o fortalecimento da legenda na Paraíba, preparando-a para os desafios eleitorais do calendário. Em 2022, o próprio Veneziano candidatou-se ao governo depois de promover uma composição com o Partido dos Trabalhadores e atrair, no primeiro turno, o apoio do líder Luiz Inácio Lula da Silva. Aquele momento sinalizou estratégia de ocupação de espaços, uma vez que o páreo, em si, era desigual para Veneziano, dada a concorrência do governador João Azevêdo (PSB) pilotando uma poderosa máquina administrativa e do então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que encarnou concretamente a bandeira da oposição e, com isto, avançou para o segundo turno, com o apoio do emedebista.
Posteriormente, Veneziano, que é vice-presidente do Senado Federal, passou a focar na preparação de quadros do MDB para participação nas eleições municipais deste ano, inclusive, nos grandes colégios eleitorais. Em João Pessoa, o partido ainda vai definir qual a candidatura com que vai se compor, podendo apoiar Cícero Lucena, do PP, ou o deputado federal Ruy Carneiro, do Podemos. Em Campina Grande, já foi batido o martelo quanto ao alinhamento com a candidatura do prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil), independente de ocupação de cargo na chapa. Veneziano, aliás, tem sido um colaborador ativo da gestão de Bruno, aproveitando seu trânsito privilegiado em órgãos de escalões do governo federal em Brasília para liberar pleitos de interesse da cidade e destravar pautas que estão congeladas já há algum tempo. A filosofia do senador quanto à presença do MDB na disputa municipal na Paraíba é baseada no pragmatismo, que consiste em lançar candidaturas próprias onde houver condições e capilaridade para tanto e abrir-se a alianças com outros partidos e candidatos, beneficiando-se, colateralmente, de resultados favoráveis no pleito.
Ontem, na sede do MDB nacional, em Brasília, Veneziano foi recebido pelo presidente do partido, deputado federal Baleia Rossi (SP), a quem apresentou um balanço do crescimento do MDB no Estado e o convidou para vir à Paraíba até o dia seis de abril quando se encerra o prazo de filiações, “para conhecer todo o nosso time, qualificado e engajado, do MDB paraibano”, conforme ressaltou. Na prestação de contas que apresentou ao deputado Baleia Rossi, Veneziano mencionou as conquistas de novos prefeitos e novas prefeitas que têm se filiado, bem como falou da formação das chapas proporcionais e majoritárias para o pleito de 2024. Baleia Rossi parabenizou Veneziano pela condução da sigla no território tabajara, observando que ela triplicou o número de prefeitos e prefeitas filiadas. Não deixou de registrar que o MDB sempre teve uma grande tradição no Estado e passa, atualmente, por uma fase de fortalecimento real nas suas bases, nas cidades. “Isto se deve à sua grande credibilidade e liderança”, comentou Baleia Rossi, dirigindo-se a Veneziano, acrescentando, sobre as filiações: “Comemoro junto porque vejo que são homens e mulheres de bem que estão vindo para a política, para fazer a diferença na vida das pessoas”.
O empenho para oxigenar as hostes emedebistas é facilitado pelo estilo de Veneziano de fazer política – pautado pela flexibilidade, pelo diálogo e pelo respeito aos contrários, segundo testemunhos de lideranças políticas de vários partidos que têm o senador como um grande interlocutor na cena política atual, vigente na Paraíba. Nos períodos em que foi MDB e PMDB, o partido resistiu bravamente na oposição e conseguiu se impor ao respeito do eleitorado para conquistar o poder, a ele chegando com nomes como os de Tarcísio Burity, Ronaldo Cunha Lima, Antônio Mariz e José Maranhão. No cenário nacional o MDB-PMDB paraibano contou com a liderança indiscutível do senador Humberto Lucena, que foi eleito presidente do Senado Federal por duas vezes consecutivas, além de integrar o quadro dos “condestáveis” da agremiação juntamente com figuras como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. O partido também teve boa representação na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, experimentando fase áurea na conjuntura estadual. A luta de Veneziano é para recuperar uma parte dessa trajetória, ao mesmo tempo em que se adianta na massificação de sua candidatura à reeleição ao Senado em 2026, com chances visíveis, de acordo com os analistas políticos locais. O balanço das urnas de 2024 será uma prévia da dimensão que o MDB está (re)conquistando no Estado.
Por outro lado, em pronunciamento, ontem, na tribuna, o senador Veneziano Vital do Rêgo alertou sobre relatório produzido pelo Tribunal de Contas da União, que aborda o armamento da população brasileira. O relatório, publicado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, revelou que entre 2019 e 2022 o Exército emitiu licenças de caçadores, atiradores e colecionadores (CAC) para pessoas que respondiam principalmente a acusações por porte ou posse ilegal de armas, lesão corporal e tráfico de drogas. “O que esse relatório mostra é essa licenciosidade, mostra essa facilidade e, mais do que a facilidade, a falta de instrumentos e de meios por parte do Exército brasileiro que legalmente deveria fazer o acompanhamento de poder barrar”, apontou o senador. Veneziano também mencionou a falta de controle na concessão de licenças para porte de armas e mencionou suspeita do TCU do uso de “laranjas” pelas milícias. Ele ainda citou casos de pessoas falecidas, registradas como portadoras de munição e indivíduos com antecedentes criminais obtendo permissões para posse de armas. Para ele, são necessárias medidas por parte das autoridades, incluindo o Senado, o Congresso, o TCU e o Ministério da Defesa, para tratar dessas questões.