Nonato Guedes
Sob as bênçãos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reuniu, ontem, em Brasília, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pré-candidato a prefeito de João Pessoa, e o deputado federal Cabo Gilberto Silva, o PL paraibano deu partida a uma ação para reconciliar seus quadros na Paraíba e, ao mesmo tempo, deflagrou uma ofensiva para a conquista de prefeituras na região metropolitana polarizada pela Capital. O deputado Cabo Gilberto foi designado para coordenar as campanhas conjuntas a prefeito em João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita e Conde e ficou decidida a intensificação do diálogo com o pastor e procurador da Fazenda Nacional Sérgio Queiroz (Novo) para uma união de forças em torno das bandeiras bolsonaristas e da chamada direita conservadora. Também acertou-se o lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Walbber Virgolino a prefeito de Cabedelo, com isto rompendo-se o pacto apalavrado com o prefeito Vítor Hugo, do Avante.
A mediação do ex-presidente Jair Bolsonaro pôs fim à guerra fratricida que vinha consumindo as entranhas do próprio PL desde que as cúpulas estadual e nacional do partido “rifaram” a pré-candidatura do comunicador Nilvan Ferreira a prefeito de João Pessoa, dando prioridade ao nome do ex-ministro Marcelo Queiroga, que foi um colaborador ativo no governo anterior e destacou-se pela atuação no enfrentamento à pandemia de covid-19, apesar da postura negacionista adotada por Bolsonaro e dos atritos que este fomentou com governadores de Estados e prefeitos de Capitais filiados a partidos adversários. A ‘desinteligência’ ocorrida no processo eleitoral na Capital paraibana levou Nilvan Ferreira, um líder incontestável que já em 2020 avançou para o segundo turno, a migrar para Santa Rita, onde está domiciliado e empenhado em consolidar a candidatura à sucessão do prefeito Emerson Panta (PP). Nilvan, que havia se atritado com a direção estadual do PL, presidida pelo deputado federal Wellington Roberto, tem progredido nos entendimentos para ser candidato pelo Republicanos, presidido pelo deputado federal Hugo Motta. Mas a sua postulação continua fazendo parte do “pacote” da direita bolsonarista, e ontem, na reunião na sede do PL em Brasília, ele foi elogiado por Bolsonaro.
O ex-ministro Marcelo Queiroga, falando a jornalistas paraibanos, declarou-se entusiasmado com o resultado dos contatos políticos empreendidos na Capital Federal, considerando que houve um movimento importante para a reintegração de parlamentares que estavam distanciados do PL, como o Cabo Gilberto Silva e Walbber Virgolino. Ele chegou a anunciar novamente a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro a João Pessoa para agenda de dois dias, a qual deverá ocorrer, agora, em abril próximo, devendo ter o simbolismo de agregar os políticos que gravitam na órbita bolsonarista. A situação de Queiroz ainda é indefinida porque ele mesmo ficou de realizar consultas à família e à comunidade evangélica a que pertence para definir que tipo de participação terá na disputa eleitoral deste ano em João Pessoa. Ex-candidato ao Senado em 2022 pelo PRTB, com votação expressiva, Sérgio Queiroz, em último caso, poderá se aliar a Marcelo Queiroga na hipótese de um segundo turno ou, então, disputar outro mandato, como o de vereador, segundo já foi especulado. O ex-ministro da Saúde informou que dialoga com ele e que deseja acolher propostas de Queiroz para incorporar ao seu programa de governo.
O apoio à candidatura de Nilvan Ferreira está mantido, dentro do pacto de solidariedade mútua firmado entre bolsonaristas paraibanos, não só pelo reconhecimento ao seu potencial eleitoral, a ser testado agora em Santa Rita, como pela manutenção da fidelidade dele à liderança do ex-presidente Jair Bolsonaro e, também, às teses agitadas pelo ex-presidente da República. A nível nacional, o PL cogita liderar o “ranking” de candidatos a prefeito a serem eleitos, principalmente nas Capitais, e o próprio Jair Bolsonaro tem se oferecido para visitar inúmeros redutos em diferentes Estados numa manobra para capitalizar seu prestígio em favor de postulantes alinhados com o bolsonarismo, já tendo iniciado essa peregrinação em municípios do interior de São Paulo. A sua visita a João Pessoa para manifestar apoio a Marcelo Queiroga foi adiada a pretexto de que Bolsonaro estava dando atenção máxima à manifestação que foi realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, e que foi avaliada pelos seus apoiadores como uma gigantesca demonstração de força. O adiamento acabou favorecendo gestões de bastidores na Paraíba para aparar arestas entre líderes que estavam desavindos, a exemplo do ex-ministro Marcelo Queiroga, dos deputados Cabo Gilberto e Walbber Virgolino e do comunicador Nilvan Ferreira.
Sem dúvida contribuiu para a promoção da reunificação do bloco bolsonarista da direita conservadora na Paraíba a leitura de que a dispersão de forças e, mesmo a desagregação, estavam esvaziando as chances de avanço desse agrupamento, que chegou a ser admitido, em certa ocasião, pelo próprio presidente estadual do PT, Jackson Macedo, preocupado, por sua vez, com a desunião entre expoentes da esquerda ou do chamado campo democrático, que tende a ir dividido para a disputa eleitoral em João Pessoa. O ex-ministro Marcelo Queiroga não escondeu que se sente fortalecido com a evolução dos entendimentos, principalmente na Capital paraibana, e prometeu aprofundar o diálogo com figuras com quem tem afinidade ideológica, dentro da ‘ofensiva’ programada para fazer a direita avançar na ocupação de espaços no pleito vindouro. Em meio a toda essa conjuntura, o papel de Bolsonaro foi decisivo. O presidente estadual do PL, Wellington Roberto, deverá coordenar campanhas do partido em outras regiões do Estado, a partir de Campina Grande, dentro da estratégia salomônica que ficou decidida em Brasília.