A advogada e cantora paraibana Juliette Freire, que ganhou fama após ser a vencedora do Big Brother Brasil 21 da Rede Globo de Televisão, destacou-se ao participar no último sábado, 6, de uma palestra na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Ela foi palestrante em um painel, com outros brasileiros, que fazia parte da programação do Brazil Conference, uma conferência organizada por brasileiros que estudam em Boston. O painel abordou “Identidade e influência: histórias inspiradoras do Brasil” e a artista paraibana compartilhou o relato das dificuldades enfrentadas na sua jornada até agora. Por outro lado, duas embaixadoras de instituições brasileiras, participantes do mesmo evento, relataram ter sofrido ataque racista no encontro, que foi promovido simultaneamente na Universidade de Harvard e no Massachusetts Institute Technology, ambas na cidade de Cambridge (EUA).
A embaixadora do Instituto DuClima Naíra Santa Rita e a embaixadora Marta Melo, do Instituto Sapiência, relataram ter testemunhado três brasileiras brancas conversando em inglês entre si, uma delas perguntando se “essas negras” possuíam “piolhos entre essas tranças e dreads” e rindo em seguida. “O que elas não esperavam é que eu falo em inglês”, relembrou Naíra. Além de narrar os fatos sobre o episódio ocorrido em Harvard, Naíra refletiu sobre a constante impunidade em ataques desse tipo, além de ressaltar a dificuldade para que mulheres negras possam reagir em situações do tipo. “Se nós as tivéssemos confrontado, teríamos sido vistas como mulheres negras raivosas, escandalosas e até mesmo vitimistas, porque é assim que nos pintam”, lamentaram.
Ela também chamou atenção para o fato de não terem sido vítimas de uma ação isolada, mas de um contexto que favorece a impunidade diante de ofensas como as proferidas pelas estudantes brasileiras. “O racismo é meticuloso e que vem se sofisticando cada vez mais, de tal modo que elas se sentiram confortáveis em proferir intencionalmente esses comentários racistas em inglês, acreditando e subestimando que nós não entenderíamos”. A palestrante aproveitou para questionar se, de fato, o encontro conseguiu promover a representatividade proposta. “O quão a comunidade brasileira aqui presente e os demais realmente agem para combater o racismo e efetivamente praticar o anti racismo? O que a gente dialoga nesse espaço nesses dias e nos últimos nove anos (quando ocorreu a primeira edição do evento) é vazio? Quantos negros vocês viram aqui, enquanto organizadores da Brazil Conference?”, incluiu entre os questionamentos.
A paraibana Juliette Freire descreveu sua emoção por participar do evento. “Minha mãe não sabe o que é Harvard, meu sobrinho não sabe, mas meu filho vai saber o que é Harvard e que eu palestrei aqui”, afirmou. Em sua apresentação, ela abordou temas relacionados à sua carreira, história de vida e emocionou-se em diversos momentos. Comentou, então, sua jornada de superação após sair de uma infância difícil na Paraíba, passar pelo BBB 21 e sair de lá vencedora e com uma carreira muito além do que a de uma ex-participante de reality show. “De onde eu venho, a gente não sonha com fama, com dinheiro ou palestrar em Harvard, mas sonha com dignidade, ter uma carteira assinada, educação e saúde”. A cantora Ivete Sangalo e o economista Gil do Vigor, que participou do BBB 21 com Juliette, também constaram como palestrantes nos Estados Unidos.
Com informações do G1 PB e Congresso em Foco