Nonato Guedes
Em meio a versões de que teria tido contato, ultimamente, com o governador João Azevêdo (PSB), o deputado federal e ex-prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues, do Podemos, dá sinais de que avança na sua estratégia para oficializar candidatura à sucessão do prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil), que teve seu apoio nas eleições de 2020. Há cerca de um ano, Romero tem mantido distanciamento na relação direta com a gestão de Bruno, ausentando-se de eventos oficiais, de participação em agendas ao lado do alcaide e, sobretudo, não assumindo qualquer compromisso de apoio à reeleição do ex-aliado. No paralelo, Rodrigues socorreu-se de pesquisas para balizar um posicionamento na temporada 2024, sendo informado de que seu nome lidera intenções de voto em segmentos do eleitorado campinense para retornar à prefeitura.
O esquema oposicionista local, vinculado ao governador João Azevêdo e que tem como um dos expoentes o secretário de Saúde do Estado, Jhony Bezerra, do PSB, trabalha já há algum tempo na formatação de uma chapa que atraia os apoios da senadora Daniella Ribeiro (PSD) e do seu filho, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), bem como de integrantes do denominado Fórum por Campina, entre os quais o deputado estadual Inácio Falcão, do PCdoB. Nesse campo movimenta-se ainda, ostensivamente, o Republicanos, que é da base de Azevêdo, mediante tratativas comandadas pelo deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, e pelo seu irmão, Murilo, deputado federal e presidente municipal do partido, para contar com Romero em seus quadros e fazê-lo candidato novamente. A tendência de Romero, já cristalizada, é a de permanecer no Podemos, onde tem posto de liderança na Câmara dos Deputados, mas quanto ao seu alinhamento com a oposição a Bruno parece não haver dificuldade, diante de “Senas acumuladas” por parte do ex-prefeito com relação ao atual prefeito.
Já houve articulações sucessivas de uma “força-tarefa” integrada pelos senadores Efraim Filho, do União Brasil, Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) com vistas a demover Romero de um rompimento com Bruno e levá-lo a um entendimento que possibilite a unidade de forças dentro do agrupamento. Propostas e ofertas foram colocadas na mesa, inclusive, com acenos de apoio a uma candidatura de Rodrigues ao governo do Estado nas eleições de 2026 ou a outro cargo majoritário naquela disputa, da mesma forma como lhe foi oferecida a oportunidade de indicar nome, até oriundo do seu “clã” familiar, para formar a chapa encabeçada por Bruno a mais um mandato. Esses esforços não parecem ter sensibilizado o ex-gestor campinense. O impasse chegou a um ponto em que o senador Veneziano Vital do Rêgo queixou-se publicamente que a postura de Rodrigues havia “paralisado” o processo de discussão eleitoral na Rainha da Borborema, pela incerteza quanto a alinhamentos e não-alinhamentos.
No seu desabafo, Veneziano não se fez de rogado e exortou o próprio prefeito Bruno Cunha Lima a assumir de frente o confronto com quem quer que seja na disputa de outubro, eximindo-se da obrigação ou responsabilidade de esperar por apoios de quem quer que seja, sob a alegação de que o atual prefeito tem um “portfólio” positivo de realizações a apresentar ao eleitorado campinense e plenas condições de vir a se beneficiar, colateralmente, desse saldo em caixa. Ultimamente, o prefeito foi bafejado pela autorização para contratação de um empréstimo de duração a perder de vista e que, além de vultuoso, destina-se ao prosseguimento e conclusão de obras e outras ações administrativas de impacto junto à população campinense. Entre aliados do “staff” de Bruno a avaliação que se faz do seu governo é que corresponde às expectativas, depois da superação de obstáculos conjunturais que vinham entravando a execução de investimentos públicos. O próprio senador Veneziano Vital do Rêgo tem sido um dos mais ativos parceiros da atual administração no sentido de destravar recursos que estavam encalhados na burocracia de Brasília e, ao mesmo tempo, contribuir para que seja dada partida à implementação de melhoramentos que figuravam na carta-compromisso assumida por Bruno com os eleitores na campanha anterior.
No que se refere aos opositores do prefeito Bruno Cunha Lima, eles sempre tiveram, disponíveis, nomes em profusão para empalmar uma chapa competitiva nas próximas eleições, mas as conversações não evoluíram significativamente – exatamente por causa da expectativa quanto a uma atração do ex-prefeito Romero Rodrigues para esse bloco. A aposta em torno de Romero foi bancada inicialmente ou prioritariamente pelo Republicanos, com base numa radiografia da situação pré-eleitoral na Rainha da Borborema, mas aos poucos passou a ser encampada por outros aliados do esquema de João Azevêdo, como os Ribeiro, que em passado recente destituíram Romero do comando do PSD, hoje enfeixado pela senadora Daniella. O próprio governador nunca descartou a “opção Romero”, embora com o alerta de que seu esquema não deveria ficar refém do ex-prefeito, dadas as suas ligações históricas com grupos que combatem a atual gestão socialista. Rodrigues, que age como “lâmina” no contexto, evitando açodamentos, parece disposto a esgotar seus trunfos até a undécima hora do prazo de definição de candidaturas. Com isto, alimenta o suspense mas mantém-se em evidência e neutraliza supostos adversários fortes na seara da oposição. Em Campina, fala-se muito, nas últimas horas, numa chapa Romero-prefeito, Jhony-vice-prefeito. A conferir!