O ex-deputado federal Agassiz Almeida faleceu, ontem, em sua residência, em João Pessoa, aos 88 anos de idade. O velório está sendo realizado na manhã de hoje na Assembleia Legislativa do Estado, que ele integrou, e o sepultamento deverá ocorrer no cemitério Parque das Acácias, na Capital. Natural de Campina Grande, ele deixa um vasto legado, sobretudo na formulação de ideias sobre os problemas nacionais e nas propostas de soluções para as questões mais graves. Agassiz foi cassado pela ditadura militar quando exercia o mandato de deputado estadual.
Descrito como um “revolucionário social” e “semeador de ideias” no seu livro “A República das Elites – Ensaio sobre a ideologia das elites e do intelectualismo”, Agassiz Almeida foi incentivador de Ligas Camponesas no período convulsionado que antecedeu o golpe militar de 1964. Como consequência da sua combatividade, além do mandato cassado, ele foi preso na Ilha de Fernando de Noronha. Duas décadas depois, pontuou como deputado federal na Assembleia Nacional Constituinte em 1986, recebendo do Diap alta distinção por sua atuação parlamentar. Em 1987, ao lado de Fernando Gasparian, Carlos Duplé e Sérgio Paez participou da Assembleia Parlamentar Internacional em Santiago, no Chile, contra a ditadura de Augusto Pinochet.
Depois de 1990, Agassiz Almeida deixou a vida pública e dedicou-se a estudos e pesquisas, produzindo trabalhos e livros, entre os quais “A Nação e o Impeachment”, “O País dos Banqueiros”, “500 Anos do Povo Brasileiro” e “A República das Elites”. Este último é apontado pelo Doutor em Economia do Desenvolvimento João Luiz F. dos Santos como “um livro audacioso, perturbador, poético e revolucionário, que revolve as entranhas das classes dirigentes e denuncia um “intelectualismo” sempre de mãos estendidas ao poder”. João Luiz acrescentou que a obra “rasga o véu de uma literatura comprometida com o elitismo”.
Como deputado federal constituinte, Agassiz Amorim e Almeida obteve nota 9.0 na avaliação do Departamento Intersindical de Apoio Parlamentar – Diap, órgão de assessoramento da atividade legislativa brasileira. Parlamentarista, ele votou a favor da participação popular no processo legislativo, mas disse não ao direito de voto aos 16 anos. Nacionalista, votou a favor da proteção da empresa nacional e da nacionalização do subsolo. Apoiou o direito de sindicalização para o servidor público e votou a favor de cinco anos para José Sarney na presidência da República. Disse sim à reforma agrária e não à licença paternidade. Agassiz foi constituinte pelo PMDB, aos 52 anos de idade. Promotor de Justiça, ele pertenceu ao PSB entre 1958 e 1964 e, depois, ao MDB. Foi membro da Comissão de Organização dos Poderes e Sistema de Governo, Subcomissão do Poder Executivo.