Nonato Guedes
Tem ficado claro, para analistas políticos paraibanos, que a senadora Daniella Ribeiro (PSD) está obstinada em focar seu projeto político na reeleição à cadeira que ora ocupa, nas eleições de 2026. Seu nome, vez por outra, é cogitado como alternativa da oposição ao grupo do prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil), de Campina Grande, para candidatar-se este ano, mas o tempo está passando e a parlamentar não avançou encaminhamentos para esse desideratum. Tem se articulado com outros expoentes do agrupamento oposicionista, vinculados à liderança política do governador João Azevêdo, mas não se oferece nem se assume ostensivamente como opção para disputar a edilidade. Lançou, inclusive, como balão de ensaio, nomes de duas aliadas – Eva Gouveia e Rosália Lucas, defendendo a tese da representatividade feminina na prefeitura municipal, enquanto aguarda, na verdade, definições surpreendentes que possam ocorrer.
A sucessão em Campina Grande é considerada uma questão “em aberto”, principalmente por parte do bloco que faz oposição à atual administração. O único pré-candidato visivelmente declarado é Bruno, que pleiteia recondução e tem o apoio decidido dos senadores Efraim Filho e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), este último um interlocutor de luxo do prefeito junto aos escalões de poder em Brasília, com influência para conseguir autorização para liberação de empréstimos vultuosos considerados essenciais para alavancar projetos e obras de infraestrutura relevantes na cidade. O bloco oposicionista, inicialmente, apostou fichas em dois nomes – o da senadora Daniella Ribeiro e o do secretário de Saúde do Estado, Jhony Bezerra, que é presidente municipal do PSB e já demonstrou interesse político, além do sempre lembrado deputado estadual Inácio Falcão, do PCdoB, integrante de um denominado movimento pró-Campina, que agrega opositores do agrupamento detentor da hegemonia política na Rainha da Borborema na atualidade.
Pairando acima da pretensão confirmada de Bruno Cunha Lima e das candidaturas especuladas no bloco da oposição mantém-se em evidência o nome do ex-prefeito Romero Rodrigues, do Podemos, que empalmou por duas vezes consecutivas o chamado Palácio do Bispo, sede do executivo local. Romero adotou a estratégia de “jogar parado”, permitindo que seu nome circulasse com desenvoltura na bolsa de apostas entre os próprios eleitores de Campina Grande sem, necessariamente, se comprometer com palavras ou definições acerca da possibilidade de encarar novamente a disputa. Em nenhum momento ele chegou a cravar que será ou que não será candidato a prefeito contra Bruno Cunha Lima – e, em paralelo, foi tático ao não criticar nem elogiar a atual administração. Simplesmente Rodrigues se distanciou de Bruno, a quem apoiou na sua sucessão, lá atrás – embora aliados seus permanecessem ocupando postos na gestão municipal. Debalde foram feitos esforços, pelo ex-senador Cássio Cunha Lima, pelo ex-deputado federal Pedro Cunha Lima e por outras lideranças que lhe são próximas, com vistas à abertura de entendimentos para uma reconciliação política com Bruno. A indefinição levou o senador Veneziano Vital do Rêgo a propor a Bruno colocar o bloco na rua, independente da posição de Romero.
Também vale registrar que o ex-prefeito Romero Rodrigues despertou a atenção do Republicanos, partido presidido em Campina Grande pelo deputado federal Murilo Galdino. O irmão deste, Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, de público, foi um dos maiores incentivadores não só para a filiação de Romero ao Republicanos como para que lhe fosse dada garantia de pleno espaço para uma nova candidatura a prefeito da Rainha da Borborema. O ex-prefeito não fechou portas com o Republicanos nem com seus expoentes ilustres, inclusive, com o presidente estadual, deputado Hugo Motta, mas resolveu permanecer no Podemos, onde tem sido prestigiado com a liderança do bloco parlamentar na Câmara dos Deputados e influência em outras decisões importantes na esfera legislativa na Capital federal. O governador João Azevêdo, também, embora de forma cautelosa, fez acenos na direção de Romero, deixando claro que estaria disponível para o entendimento com ele acerca dos rumos da disputa eleitoral deste ano no segundo maior colégio eleitoral da Paraíba. Não há indicação, porém, de conversas conclusivas entre o deputado e o chefe do Executivo estadual.
Nesse contexto de indefinição, a senadora Daniella Ribeiro, que tem ganho visibilidade nos debates parlamentares em Brasília, tendo sido relatora, inclusive, da retomada do Programa Emergencial de Auxílio ao Setor Cultural e de Eventos, o Perse, deliberou tornar público o seu projeto de candidatar-se à reeleição em 2026, conforme ela, para dar prosseguimento ao trabalho que empreende no âmbito do Legislativo. Nos bastidores, alega-se que a decisão de Daniella levou em conta a precipitação do senador Veneziano Vital do Rêgo em se movimentar, desde agora, para pavimentar a candidatura à reeleição daqui a dois anos. Ambos foram os eleitos em 2018, suplantando candidaturas como as de Cássio Cunha Lima e de Luiz Couto. No cenário que se desenha para o futuro, fala-se nas prováveis candidaturas do governador João Azevêdo (PSB) e do deputado federal Hugo Motta (Republicanos) ao Senado. Mesmo assim, Daniella deu sinais de que cogita entrar no páreo, por uma vaga, o que, de antemão, garante uma boa briga em torno da disputa senatorial no Estado.