Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) participará ativamente da campanha eleitoral deste ano nas diversas regiões do Estado como tática para reforçar candidatos a prefeito do seu esquema, que possam sair vitoriosos e, assim, garantir a continuidade da hegemonia do agrupamento que lidera. O chefe do Executivo tem consciência da sua importância como cabo eleitoral influente no processo, diante da avaliação positiva que é feita sobre o desempenho do governo em áreas essenciais como a Saúde, Educação e Infraestrutura. Ele próprio tem se empenhado na “entrega” de resultados à população, mediante execução de obras e serviços que chegaram a constar entre prioridades nas plenárias do Orçamento Democrático que sua gestão implementa. O ODE é considerado um instrumento revolucionário de comunicação do governo com a sociedade, e João Azevêdo ressalta que as demandas pleiteadas têm sido atendidas de forma proativa, inclusive, fomentando “nichos” setoriais de desenvolvimento.
Na disputa eleitoral de 2024 o esquema ligado ao gestor divide-se, preferencialmente, entre três partidos – o PSB, que ele comanda, o PP que em João Pessoa tem como expoente o prefeito Cícero Lucena, postulante à reeleição, e o Republicanos, que conta com líderes como o deputado federal Hugo Motta e o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa. Essa tríade é reforçada pelo PSD da senadora Daniella Ribeiro e por outras legendas-satélites que gravitam na órbita da liderança de João, oscilando entre o centro e a esquerda. O governador ainda tenta atrair segmentos expressivos do PT (Partido dos Trabalhadores) para integrar-se ao seu projeto, apoiando, por exemplo, a candidatura de Cícero na Capital com a perspectiva de retribuição de palanque em 2026 para uma eventual candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. A Executiva Nacional do PT, presidida pela deputada federal Gleisi Hoffmann, ficou de bater o martelo hoje sobre a situação da Paraíba, criando clima de expectativa entre os petistas e os aliados do governador. A definição posta na mesa é sobre candidatura própria ou aliança em torno de Cícero.
No que diz respeito a Campina Grande, o governador tem intensificado démarches para acomodar seus parceiros e equacionar o papel que o esquema desempenhará em oposição ao atual prefeito Bruno Cunha Lima, do União Brasil, que luta por um novo mandato, apoiado por lideranças como os senadores Efraim Filho, Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Pedro Cunha Lima (PSDB). No final de semana, o chefe do Executivo recebeu um documento-diagnóstico sobre o cenário eleitoral na Rainha da Borborema, entregue pelo deputado estadual Inácio Falcão (PCdoB), que faz parte do denominado movimento pró-Campina, focado na pregação de mudanças profundas no conteúdo do modelo administrativo que tem sido recorrente na cidade nos últimos anos. O diagnóstico aponta para uma lógica óbvia: a imperiosidade de união das oposições para o enfrentamento ao esquema que está no poder local. O impasse, antes como agora, continua sendo a escolha do nome capaz de encarnar a proposta de mudança com chances, em meio às dúvidas ainda suscitadas sobre a provável candidatura do ex-prefeito Romero Rodrigues, do Podemos.
Seja como for, o governador João Azevêdo já admite que é preciso avançar nas decisões, tendo em vista que o prefeito Bruno Cunha Lima e seu esquema, até o momento, ocupam todos os espaços de forma avassaladora, apesar das divergências provocadas pela indecisão do ex-prefeito Romero Rodrigues. Mas a atual gestão municipal, em si, tem se mostrado capaz de reagir diante da inação que até então estava em curso – e reagir de forma espetacular, inclusive, com a obtenção de vultoso empréstimo externo, driblando o bloco oposicionista da Câmara Municipal, para viabilizar obras de impacto que são reivindicadas. Nesse esforço titânico o prefeito Bruno Cunha Lima tem tido colaboração inestimável, principalmente, do senador Veneziano Vital do Rêgo, que tem canais privilegiados de interlocução com o governo federal, graças ao seu alinhamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a campanha eleitoral de 2022. Em outras frentes, o senador Efraim Filho mobiliza-se para dar cobertura ao filiado ilustre que atraiu para as fileiras do União Brasil, cumulando-o de facilidades para encaminhar demandas e destravar projetos.
O governador tem tomado posição firme e decidida por candidaturas a prefeito do seu partido em alguns municípios, mesmo em casos de enfrentamento entre aliados da sua base de sustentação, o que ocorre nitidamente em Cajazeiras, com seu apoio ao líder do governo, deputado Chico Mendes, e em Bayeux, com sua manifestação em prol da candidata Taciana Leitão, esposa do deputado estadual Felipe Leitão, que ainda está filiado ao PSD mas que já tornou pública a sua opção por ingressar no PSB. Em relação ao Republicanos, para mencionar dois exemplos, o chefe do executivo compromete-se com candidaturas da legenda em duas cidades importantes na geografia política da Paraíba – Guarabira, no Brejo, e Patos, no Vale das Espinharas. É um trabalho paciente, de habilidade e de construção, como define o próprio governador, e que mira lá na frente, mais precisamente, nas eleições de 2026, quando será intensa a radicalização na conjuntura estadual. João acredita que com uma base municipalista forte estará igualmente fortalecido para assegurar a ampla hegemonia do esquema no futuro próximo.