A Assembleia Legislativa da Paraíba realizou sessão especial, ontem à tarde, para tratar da organização do trabalho dos ambulantes no Estado. O evento, proposto pelo deputado Hervázio Bezerra, ocorreu no Plenário Deputado José Mariz e contou com a presença do procurador federal José Godoy, além de representantes de todas as categorias de ambulantes da Paraíba. O objetivo da discussão, de acordo com Hervázio Bezerra, é ouvir toda a categoria para que se possa intermediar, junto às prefeituras de todo o Estado, as reivindicações do segmento.
– Tudo tem que ser feito com uma conciliação, onde os entes assumam as suas responsabilidades. Nós sabemos que são pais, mães de família que prestam relevante serviço em todo o Estado da Paraíba. Então, nada melhor do que a Casa Epitácio Pessoa ausculta-los, dar direito à voz, às suas queixas, às suas dificuldades e o que eles pensam, porque quem melhor domina a situação do comércio informal do nosso Estado são eles – declarou.
O procurador José Godoy, do Ministério Público Federal, parabenizou a Assembleia Legislativa pela iniciativa, na pessoa do deputado Hervázio Bezerra, por ter assumido a discussão dessa pauta, da atuação institucionalizada na defesa de um segmento econômico tão importante. “Nós estamos vivendo um momento único”, enfatizou a ambulante Marcia Medeiros, presidente da Associação dos Ambulantes e Trabalhadores em Geral da Paraíba, denunciando que os ambulantes estão sofrendo todo tipo de violência quando se deslocam para trabalhar em outras cidades que promovem eventos públicos, realizados com dinheiro do povo e têm fechado as portas para receber o povo. “É algo que tem trazido muito desgaste para o nosso povo, porque a gente vive e sobrevive só de eventos. Esses ambulantes não trabalham em outros espaços públicos da cidade, eles trabalham apenas nas festas públicas”, explicou.
Entre outras reivindicações, a AMEG propõe que as cidades destinem 70% dos espaços para os ambulantes locais e 30% para os trabalhadores procedentes de outras cidades. Para a assistente social Fernanda Muniz, secretária-geral da AMEG, os ambulantes estão sendo criminalizados quando se deslocam para trabalhar em outras cidades. “Sofrem violências, e é um direito de todas as pessoas ter um trabalho que seja digno. Ou seja, estamos lidando com famílias, com pessoas, com trabalhadores que não podem ser criminalizados e, sim, devem ter respeitado o seu direito ao trabalho. Nossa luta é justamente para que a gente viabilize a garantia de direitos dessas pessoas que precisam levar o seu sustento para casa todos os dias”, acrescentou, informando que há hoje mais de dois mil ambulantes cadastrados em todo o Estado, sendo 350 em João Pessoa.