Nonato Guedes
Diante da velocidade do calendário para as eleições municipais de prefeito, o governador João Azevêdo(PSB) tem contado com a colaboração de emissários da sua confiança para mapear o quadro de candidaturas que estão postas em inúmeros municípios de diferentes regiões a fim de balizar a estratégia para fortalecimento do seu esquema político no pleito à vista. O cenário descortinado pelo chefe do Executivo contempla candidaturas próprias do PSB e candidaturas de partidos da base governista, como o PP, o Republicanos, o PSD e legendas de centro-esquerda que estão na órbita da sua liderança. Há lugares em que a situação é considerada confortável para o esquema oficial, como a Capital, João Pessoa, onde o projeto de Cícero Lucena (Progressistas) à reeleição desponta com vantagem para qualquer emergência, inclusive, a da polarização ideológica, se a tanto for arrastado.
No segundo colégio eleitoral do Estado, Campina Grande, o clima é de indefinição entre os liderados do governador João Azevêdo, mas há pré-candidaturas lançadas como a do secretário de Saúde estadual Jhony Bezerra pelo PSB. Na Rainha da Borborema a demora no processo deveu-se à necessidade de acomodações no agrupamento oficial e, também, a fatores externos como uma suposta atração do deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues, do Podemos, com a possibilidade de empalmar um projeto de candidatura novamente a prefeito. Esta hipótese passou a ser desconsiderada ultimamente, diante da falta de acenos concretos por parte de Romero e da mobilização que passou a ser desencadeada no campo adversário para reagrupá-lo ao esquema que tenta assegurar um novo mandato para o atual prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil). O bloco ligado ao governador conta com o reforço da senadora Daniella Ribeiro, do vice-governador Lucas Ribeiro e do deputado federal Aguinaldo, devendo abrigar expoentes da esquerda que contestam a hegemonia de grupos tradicionais, envolvidos na alternância de comando na cidade serrana.
O esquema chefiado pelo governador investirá forte, além de João Pessoa, em municípios da região metropolitana da Capital, ora com candidatos próprios, ora atuando em composição com partidos da base. Isto se dará, por exemplo, em cidades como Bayeux, Santa Rita, Conde e Cabedelo. Na cidade portuária, o martelo está para ser batido a qualquer momento, havendo expectativa sobre se o presidente da Companhia Docas, Ricardo Barbosa, assumirá candidatura pelo PSB ou preferirá ficar à frente do Porto, onde é prestigiado tanto pelo governo estadual como por representantes do governo federal. Em Bayeux, a candidatura de Taciana Leitão, mulher do deputado estadual Felipe Leitão, mantém-se em alta, desafiando o “clã” oposicionista formado pela ex-prefeita Sara Cabral, que enfrenta restrições judiciais e pelo ex-deputado Domiciano Cabral, que havia se preparado para ficar na retaguarda, sem avançar para a linha de frente. Em Santa Rita, deputados do grupo de João Azevêdo revelam preferência pela pré-candidatura do comunicador Nilvan Ferreira, sobretudo depois que ele se filiou ao Republicanos e abriu interlocução com o Palácio da Redenção.
Em outras regiões do interior do Estado, o governador tem delegado a deputados, prefeitos e outros líderes políticos a responsabilidade por escolhas de candidatos viáveis que possam derrotar esquemas adversários. Pelo diagnóstico que João Azevêdo tem em mãos, em algumas localidades será inevitável o confronto entre pré-candidatos da própria base governista, devido a impasses locais incontornáveis. Em alguns casos, o chefe do Executivo tem tomado partido, a exemplo de Cajazeiras, no Alto Sertão, onde evidenciou há muito tempo a sua preferência pelo nome do deputado Chico Mendes, do PSB, e líder do governo na Assembleia Legislativa, que enfrentará nas urnas a professora Socorro Delfino, apoiada pelo prefeito José Aldemir, pela deputada Dra. Paula e pelo deputado estadual Júnior Araújo, este dissidente do PSB. Em Sousa e Patos, Azevêdo está alinhado com os esquemas dos prefeitos Fábio Tyrone e Nabor Wanderley, enquanto em Guarabira a prioridade é para a candidatura do suplente de deputado federal Raniery Paulino, do Republicanos. A estratégia de João rege-se pelo pragmatismo e pelo acúmulo de forças para as eleições de 2026.
Interlocutores do gestor socialista revelam que o ambiente é de otimismo quanto às chances de vitória nas eleições municipais deste ano em grande número de localidades das diversas regiões. Ressaltam que a segunda administração de João Azevêdo continua sendo aprovada na média pela população paraibana, diante do volume de investimentos que têm sido carreados, inclusive, com o suporte do governo federal, e do “portfólio” de obras estruturantes de impacto na vida dos paraibanos. A percepção de que as condições de vida da população melhoraram seria bem nítida, por exemplo, em João Pessoa, por causa da bem-sucedida parceria entre a gestão de Azevêdo e a gestão do prefeito Cícero Lucena. Para os interlocutores palacianos, o próprio reforço no tom municipalista do segundo governo tem contribuído para uma repercussão favorável das ações, gerando reflexos no processo eleitoral em gestação este ano.