Nonato Guedes
A disputa eleitoral para prefeito de Campina Grande mobiliza lideranças políticas do Estado e desperta o interesse do eleitorado pela perspectiva de acirramento entre grupos. De um lado move-se o governador João Azevêdo (PSB), que confirmou esta semana a pré-candidatura do ex-secretário de Saúde do Estado, Jhony Bezerra, e ainda aposta fichas numa composição para atrair o deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues, do Podemos, para o bloco de oposição. De outro, articula-se o prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil) no projeto de reeleição, tendo como principais apoiadores os senadores Efraim Filho, Veneziano Vital do Rêgo e o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, que disputou o governo do Estado em 2022 e deu combate a João Azevêdo no segundo turno. Ontem, em João Pessoa, onde prestigiou evento da Rede Paraíba de Comunicação, Bruno se disse tranquilo e confiante na recondução, sobretudo diante dos investimentos que vem conseguindo executar na cidade, que é segundo colégio eleitoral da Paraíba.
O ex-prefeito Romero Rodrigues fez um movimento encarado como aceno ao grupo de Azevêdo, ao postar em rede social mensagem congratulando-se com o ex-secretário Jhony Bezerra por ter sido agraciado com o título de Cidadão Campinense, ressaltando que não poderia ignorar ações empreendidas por ele na Saúde, a exemplo de programas como o Coração Paraibano e de combate ao câncer. Jhony desincompatibilizou-se do comando da secretaria esta semana, aproveitando o prazo estabelecido em lei para agentes públicos que pretendem disputar as eleições de outubro. Mas seu nome sempre esteve disponível para uma composição capaz de reforçar a oposição a Bruno Cunha Lima, o que indica que tanto ele pode ser candidato a prefeito como compor uma chapa na condição de candidato a vice. Os entendimentos na seara da oposição em Campina passam, ainda, pelo vice-governador Lucas Ribeiro, do PP, pela senadora Daniella, do PSD e pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, também do PP. E envolvem o deputado estadual Inácio Falcão, que formalizou seu lançamento à prefeitura pelo PCdoB.
À frente do “exército oposicionista” na Rainha da Borborema avulta em posição de protagonismo o governador João Azevêdo, que lidera o movimento para quebrar a hegemonia dos Cunha Lima na administração municipal campinense. A demora acerca de definições para o páreo esteve relacionada, até agora, a questões de estratégia, diante da possibilidade do deputado Romero Rodrigues engrossar o esquema, rompendo laços históricos e familiares com os Cunha Lima. O “mistério” alimentado por Romero sobre seu verdadeiro posicionamento tem monopolizado atenções e provocado mudanças táticas. Houve um período, por exemplo, em que o Republicanos apostou fichas em Romero, inclusive, na sua filiação ao partido para ser ungido candidato. Romero acabou sendo premiado com a liderança do Podemos na Câmara Federal e, naturalmente, mantendo-se na legenda. Depois admitiu-se o apoio a Rodrigues, mesmo estando ele no Podemos, conforme tese agitada pelos deputados Murilo (federal) e Adriano Galdino (estadual). Isto não foi suficiente para clarear a posição do ex-prefeito e fazê-lo firme numa tomada de atitude.
Nesse meio termo, Romero adotou uma estratégia errática que tem consistido no seguinte: não se envolve em polêmicas sobre a administração de Bruno Cunha Lima, ou seja, nem interfere nem critica as suas decisões, mas igualmente não se aproxima da gestão. Tem fugido de vários convites para diálogo com o atual prefeito, embora mantendo canais de entendimento com outras figuras do grupo a que sempre foi vinculado em Campina Grande. O prefeito Bruno Cunha Lima, por sua vez, incentivado por líderes como o ex-governador Cássio Cunha Lima, procurou o caminho do entendimento com o antecessor, oferecendo-lhe espaços na chapa que encabeçará à reeleição. O senador Efraim Filho tem ponderado a Romero que, para o cenário de 2026, com eleições majoritárias estaduais, ele só tem espaço no bloco de oposição a João Azevêdo, já que aliados do governador vêm loteando antecipadamente vagas nas quais têm interesse para o pleito dentro de mais de dois anos. O alinhamento de Romero na oposição seria, portanto, uma questão de sobrevivência, já que ele poderia concorrer ao Senado ou até mesmo ao governo do Estado.
É uma queda de braço que ainda se desenrola e cujo desfecho é uma incógnita., mesmo faltando pouco tempo para conclusão do tempo regulamentar de jogo com vistas à preparação para as eleições municipais deste ano. O lançamento do ex-secretário Jhony Bezerra pelo esquema do governador João Azevêdo foi uma atitude reativa para fazer frente à pasmaceira que se instalou com a indefinição do deputado federal do Podemos. De sua parte, o prefeito Bruno Cunha Lima combina investimentos em obras e serviços em Campina Grande com acenos de continuidade de uma gestão cada vez mais exitosa ou produtiva para a população local. Bruno Cunha Lima quer ser plebiscitado nas urnas porque acredita que tem entregue resultados importantes para o crescimento da cidade e, portanto, está credenciado a lutar por um novo mandato.