Nonato Guedes
O deputado federal Hugo Motta, presidente do Republicanos na Paraíba, disse ao colunista ter convicção de que a estratégia construída pelo partido para as eleições municipais levará ao seu fortalecimento, com chances de vitória a prefeito em grande número de municípios, inclusive, em alguns da região metropolitana de João Pessoa, como Santa Rita, onde o pré-candidato é o comunicador Nilvan Ferreira. O Republicanos movimenta-se, também, em João Pessoa e Campina Grande, os dois maiores colégios eleitorais, para a ocupação de espaços. O objetivo, conforme ele traduziu, é o de dar capilaridade à agremiação e prepará-la para posição de protagonismo no pleito de 2026, quando o Republicanos espera compor chapa majoritária. Segundo o parlamentar, o PR não abrirá mão do protagonismo na chapa de 2026 dentro do esquema do governador João Azevêdo. Ele criticou o empenho dos Ribeiro para ter dois candidatos na majoritária, com Lucas (PP) ao governo e Daniella (PSD) ao Senado, advertindo que se essa fórmula avançar o Republicanos terá que tomar outro caminho.
Com relação a uma provável candidatura sua, ao governo do Estado ou ao Senado, o deputado Hugo Motta frisou que a definição está condicionada ao desenho das eleições municipais deste ano, que ele define como um termômetro para avaliação correta da correlação de forças entre partidos e líderes políticos na Paraíba. Aliado do governador João Azevêdo (PSB), por cuja reeleição se empenhou decisivamente em 2022, o Republicanos apoiará uma virtual candidatura do chefe do Executivo a uma das vagas de senador. Mas, como observa Hugo Motta, a decisão sobre candidatura dependerá exclusivamente do governador, em meio às análises que ele fará da conjuntura e dos seus próprios interesses. O deputado acha que Azevêdo está com vontade de ser candidato ao Senado mas lembrou que seu estilo é cauteloso e que demanda reflexões sobre o destino do próprio conjunto de liderados políticos. Em todo caso, ressalta que credenciais não faltam a João Azevêdo, por causa do trabalho administrativo que empreende e que, na sua opinião, tem repercussão positiva em todas as regiões paraibanas.
O parlamentar negou que haja “emulação” entre o Republicanos e o Progressistas, que tem o vice-governador Lucas Ribeiro como alternativa natural para concorrer à titularidade com a desincompatibilização de João Azevêdo para disputar o Senado, mas opina que os entendimentos precisam ser amiudados e apalavrados Em 2022, o Republicanos abriu mão de participar da chapa majoritária, recusando ofertas para indicar o vice de Azevêdo ou para concorrer ao Senado Federal. Na época, a legenda firmou consenso com vistas à ocupação de espaços no secretariado estadual e insistiu no compromisso de manutenção da reeleição do deputado Adriano Galdino à presidência da Assembleia Legislativa. Mas ficou claro que em pleitos futuros o Republicanos iria reivindicar espaços proporcionais à sua densidade – e mais uma vez a agremiação procura se capitalizar, investindo nas eleições municipais. Hugo Motta considera que o governador João Azevêdo, como líder respeitado dentro do seu agrupamento, terá papel importantíssimo para contornar arestas e para conciliar aspirações sem prejuízo para ninguém ou para o projeto de ampliação da hegemonia nos quadros institucionais da representação política paraibana. “Há essa expectativa otimista quanto ao desempenho do governador na mediação”, reforçou ele.
Ao comentar a exoneração do secretário de Educação do Estado, Antônio Roberto de Souza, que havia sido indicado pelo Republicanos mas que admitiu estar sob pressão desconfortável por parte de políticos à frente do cargo, o deputado Hugo Motta lamentou que o desfecho tenha contrariado o figurino. Admitiu que o secretário, pessoalmente, enfrentou dificuldades, tanto para a execução da gestão como para o relacionamento com a classe política, incluindo a Assembleia Legislativa, mas lembrou que, originalmente, quando foi chamado a sugerir um nome, o Republicanos procurou recorrer a um quadro técnico, que não tinha maiores ligações com a própria Paraíba mas que provinha de um Estado, o Ceará, cujo modelo de ensino, foi enaltecido em toda a região e obteve repercussão nacional. Ele salientou que ainda esta semana poderá conversar com o governador João Azevêdo sobre a indicação do substituto de Antônio Roberto de Souza e confirmou que o nome do deputado estadual Wilson Filho está no radar, mas sem qualquer aceno de oficialização da parte do chefe do Executivo, a quem compete a sacramentação. Enfatizou que o Republicanos não deseja criar nenhum problema para o ritmo administrativo do governador João Azevêdo, especialmente numa área estratégica como a da Educação, daí ficar no aguardo de um novo posicionamento.
Por fim, o deputado federal paraibano descartou a possibilidade de vir a se lançar candidato à presidência da Câmara dos Deputados na sucessão de Arthur Lira (PP-AL) no próximo ano. Reconheceu que já há articulações de bastidores nesse sentido, estimuladas pelo próprio deputado Arthur Lira e por outros emissários, mas lembrou que o Republicanos tem um nome forte entre os cotados – o do presidente nacional, deputado Marcos Pereira, que, a seu ver, tem a vantagem de ótima interlocução entre o grupo do presidente Arthur Lira e o grupo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao analisar o desempenho do governo do presidente Lula, ele frisou que o grande desafio está no segmento econômico, mas que há perspectivas de solução para os impasses. O Republicanos, definiu ele, coloca-se numa postura de independência colaborativa, apoiando, por exemplo, medidas da área econômica. As maiores dificuldades, como testemunha Hugo Motta, dizem respeito à pauta de costumes. “Mas política é diálogo”, lembrou.