Nonato Guedes
A confirmação, ontem, pelo governador João Azevêdo, do anúncio do nome do deputado estadual Wilson Filho (Republicanos) para assumir a Secretaria de Educação da Paraíba possibilita a superação da “crise política” detonada em meio à exoneração do antecessor, Antônio Roberto de Souza por dificuldades na execução administrativa e no relacionamento com a classe política. Parlamentares do próprio Republicanos, que indicou Antônio Roberto, mostravam-se insatisfeitos com a sua atuação, que chegou a um ponto incontornável quando o educador cearense admitiu estar desconfortável à frente da Pasta, não obstante haver manifestado gratidão ao governador João Azevêdo pela confiança que lhe ofereceu no período em que esteve secretário. O deputado federal Hugo Motta, presidente do partido, havia dito que Wilson Filho era o nome em pauta para ocupar a vaga, mas que a decisão estava condicionada à manifestação do governador.
Advogado e mestre em Administração Pública pelo Instituto de Direito Público em Brasília, o novo titular da Educação, que é filho do deputado federal Wilson Santiago, não é jejuno na matéria muito menos estranho ao segmento. Quando exerceu mandato na Câmara dos Deputados em Brasília ele chegou a ser presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Professores e, igualmente, foi membro da Comissão de Educação, relator do novo Ensino Médio Nacional, matéria que foi aprovada no âmbito do Congresso. O desempenho valeu ao parlamentar a maior honraria da educação brasileira, a Medalha de Grã-Mestre da Ordem Nacional do Mérito Educativo, concedida pela Presidência da República. Wilson Filho também integrou diversas Comissões Especiais sobre a área, dentre elas a Comissão Especial sobre o PL 7420/06 – Lei de Responsabilidade Educacional, a Comissão Especial sobre a PEC 395/14 – Gratuidade do ensino público, a Comissão Especial sobre a PEC que torna permanente o Fundeb e a Comissão Especial sobre o PL da Jornada Integral no Ensino Médio. Como secretário executivo da Gestão Pedagógica foi nomeado José Edilson de Amorim, mestre e doutor em Letras, ex-reitor e vice-reitor da Universidade Federal de Campina Grande e professor titular na Unidade Acadêmica de Letras do Centro de Humanidades da Universidade Federal da Paraíba.
Desde que seu nome figurou no radar como alternativa para a Secretaria da Educação, o deputado Wilson Filho enfatizou que estava preparado para encarar o desafio mas que só aprofundaria opiniões a respeito de metas e propostas depois que houvesse uma confirmação por parte do governador João Azevêdo. Além de bom trânsito com a classe política e com outros segmentos da sociedade, Wilson Filho tem excelente interlocução com o governador João Azevêdo e, no exercício do mandato na Assembleia Legislativa não somente alinhou-se com as pautas de interesse do Executivo como as defendeu com convicção e subsídios, já que seu estilo é o de manter uma atuação proativa e bem informada na vida pública. Os desafios são inúmeros, mas o titular da Educação conta com o prestígio direto do governador, que está empenhado em tornar crescentes os índices de expansão e avanço do ensino público do Estado da Paraíba, na comparação com o ranking nacional. Esse esforço tem motivado gestões constantes da parte do próprio chefe do Executivo junto ao ministro da Educação, Camilo Santana, que já fez referências elogiosas aos indicadores favoráveis obtidos pela Paraíba nessa área.
Antônio Roberto de Souza vinha sendo alvo de constante pressão política, inclusive, com a sua convocação por parte de deputados para prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa sobre dados da Pasta e alegados problemas que estariam ocorrendo, como, por exemplo, dificuldade na liberação de recursos indispensáveis para a Paraíba. O ex-secretário era carimbado como “inábil” no encaminhamento dos pleitos políticos e, de acordo com as versões, não teria procurado reformular sua estratégia de modo a assegurar uma convivência pacífica em proveito do próprio governo, que tem a maioria no Poder Legislativo. O não comparecimento à Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos agravou a tensão porque os integrantes da Casa de Epitácio Pessoa consideraram desatenção e até mesmo falta de respeito à autonomia do Poder representante do povo. Essa situação tornou-se desgastante para os próprios expoentes do Republicanos, que se abstiveram de tentar abrir canais de diálogo com o ex-secretário.
O governador João Azevêdo, diante das condições de temperatura e pressão a que chegou o cenário, ainda tentou agir como algodão entre cristais, apostando na iminência de um entendimento que revertesse a crise instalada. Mas o próprio Antônio Roberto avaliou que o desgaste se tornara irreversível e que qualquer posição de confronto iria prejudicar o planejamento administrativo do governador João Azevêdo para a Educação da Paraíba, o que não era do seu interesse. Isto ele deixou claro em declarações feitas em grupos de WhatsApp quando comunicou estar jogando a toalha. A expectativa é que com o deputado Wilson Filho seja recuperado o tempo perdido e possam ser implementadas mudanças e conquistas que estavam congeladas no lusco-fusco da crise.