Nonato Guedes
A liderança do prefeito Cícero Lucena (Progressistas) no páreo para as eleições de outubro, apontada pela pesquisa Datavox, conforme dados veiculados pelo portal PBAgora, confirma projeções aleatórias ou superficiais de analistas políticos quanto ao favoritismo na disputa em João Pessoa. Lucena, que é apoiado pelo governador João Azevêdo, do PSB, desponta no levantamento com 38% das intenções de voto, um percentual equivalente a quase o triplo do índice atribuído ao segundo colocado, o deputado estadual Luciano Cartaxo, do PT, que figura com 13,8% das intenções. O deputado federal licenciado Ruy Carneiro, do Podemos, tem 13,4% e o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, do PL, pontuou com 5,2%. O número de indecisos captado ficou em torno de 17,2%, enquanto brancos e nulos totalizaram 12,1%. Os dados dizem respeito à pesquisa na modalidade estimulada, em que o eleitor é convidado a se definir entre opções apresentadas.
Cartaxo ainda está dependendo da confirmação oficial pelo Partido dos Trabalhadores da sua pré-candidatura, mas parece não haver dúvidas quanto à sacramentação do seu nome, tanto assim que ele foi o único petista a figurar na pesquisa, descartando-se o nome da deputada Cida Ramos, que chegou a se movimentar internamente para ser ungida. O Raio X da pesquisa opõe dois líderes com experiência à frente da prefeitura da Capital. Cartaxo empalmou dois mandatos consecutivos até recentemente e Cícero foi eleito em 2020 para o terceiro mandato. Anteriormente, havia saído vencedor em 1996, reconduzido em 2000, evidentemente que em outras conjunturas e por outras legendas. No pleito de 2020, Cícero teve que passar pelo segundo turno, dando combate ao comunicador Nilvan Ferreira, que concorria pelo PL e tinha ligações com o bolsonarismo. Atualmente, Nilvan é filiado ao Republicanos e migrou para a cidade de Santa Rita, depois de divergências internas no PL e da predominância do ex-ministro Marcelo Queiroga como pré-candidato, com o aval direto do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ruy ficou em terceiro lugar na disputa de 2020 e esta é a terceira vez em que concorre ao executivo pessoense.
A sinalização da pesquisa Datavox indica uma posição de estabilidade na corrida eleitoral de João Pessoa favorecendo o prefeito Cícero Lucena, que tem demonstrado forte capacidade de reação administrativa diante dos desafios que a metrópole enfrenta. Nesse contexto, Lucena é beneficiário da parceria empreendida com o governo João Azevêdo, que tem procurado carrear obras e investimentos na perspectiva de projetar a João Pessoa do futuro, com a iminente ultrapassagem do teto de 1 milhão de habitantes. A administração municipal tem sido bafejada, colateralmente, por iniciativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atua de forma republicana, sem discriminar capitais ou cidades brasileiras, sejam governadas por aliados ou por adversários. Cícero, até pela aproximação com João Azevêdo, que é apoiador declarado do presidente Lula, também se diz alinhado com o governo federal, acenando com apoio a uma virtual reeleição de Lula em 2026. Isto poderá pesar na posição do PT na hipótese de segundo turno em João Pessoa.
Não se acredita, nos meios políticos pessoenses, que ocorram grandes oscilações no enredo da campanha eleitoral para prefeito, mesmo que esteja faltando a unção do nome de Luciano Cartaxo pelo Partido dos Trabalhadores. O atual chefe do executivo municipal chegou a enfrentar um período de instabilidade na ação administrativa, pela demora quanto aos resultados de ações planejadas em parceria com o governo de João Azevêdo. Mas ultimamente o ritmo da ofensiva conjunta tem se intensificado e a Capital já assimila intervenções pontuais que têm sido feitas nas áreas habitacional, de educação e de infraestrutura. O prefeito Cícero Lucena tem sido ativo na mobilização para atrair empreendimentos de repercussão até internacional, como estará ocorrendo em julho quando de viagem sua à França para fechar consórcio de grande interesse para a população de João Pessoa e para as metas de desenvolvimento sustentável que estão sendo perseguidas. No plano nacional não é menor a articulação com organismos de governo e organismos não governamentais para viabilizar políticas públicas que são reivindicadas pela maioria dos habitantes locais.
A ofensiva administrativa de Cícero tem calado adversários mais radicais, que já ensaiavam discursos para desqualificar os resultados do terceiro mandato, já que não têm como questionar a experiência de gestão de Lucena, testada em outras oportunidades quando foi governador do Estado por dez meses e quando exerceu a Secretaria Nacional de Políticas Regionais, com status de ministério. O prefeito Cícero Lucena, por outro lado, tornou-se mais cauteloso na abordagem de temas polêmicos que dizem respeito a mudanças estruturais na paisagem da Capital paraibana, transferindo o debate para a própria sociedade, principalmente em questões que envolvem meio ambiente, energias renováveis, etc. O prefeito do Progressistas deverá partir com uma ampla aliança partidária na sustentação de sua candidatura à reeleição, “puxada” pelo PSB que manterá o vice Léo Bezerra na chapa. Não há triunfalismo no “staff” de Cícero ou no de Azevêdo, mas há confiança em que o favoritismo será mantido como consequência das ações proativas que estão modificando a Capital da Paraíba.