Nonato Guedes
Dos principais pré-candidatos a prefeito de João Pessoa nas eleições deste ano dois deles já formalizaram candidatos a vice – o atual prefeito Cícero Lucena (PP), que se mantém com Leo Bezerra, do PSB, na chapa, e o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, do PL, que finalmente conseguiu fechar um acordo com o pastor e procurador Sérgio Queiroz, do Novo, para ser seu companheiro de chapa. O deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) ainda não sinalizou quem será seu vice mas abriu discussões a respeito com o grupo Cunha Lima e com o senador Efraim Filho, do União Brasil. Recém-confirmado postulante do Partido dos Trabalhadores, o deputado estadual Luciano Cartaxo tende a formar chapa puro-sangue, possivelmente indicando a ex-secretária Amanda Rodrigues, esposa do ex-governador Ricardo Coutinho, para o segundo lugar na composição majoritária.
Em comum, entre esses candidatos, prevalece a intenção de priorizar “afinidades” políticas ou pessoais na configuração das chapas que encabeçam, de forma a garantir, estrategicamente, um mínimo de unidade, exorcizando divergências que, naturalmente, afetariam o ritmo de mobilização eleitoreira, abrindo espaço para a infiltração de esquemas adversários. No caso de Marcelo Queiroga e Sérgio Queiroz, a ligação política e ideológica é muito forte pela condição de ambos como bolsonaristas ortodoxos, bem como pela identidade do perfil de expoentes da direita conservadora no Estado da Paraíba. Há outro componente no histórico de Queiroz que sensibilizou Queiroga – a votação expressiva alcançada por ele em João Pessoa, como candidato a senador pelo PRTB, em 2022. O pastor e procurador, ao mesmo tempo, é conhecido pela versatilidade na abordagem de temas nacionais e de questões de interesse da Capital paraibana, o que o torna um debatedor indispensável para o “staff” de Queiroga no calor da radicalização que for tomada pela campanha a prefeito este ano. O desempenho retórico poderá fornecer à dupla uma posição de protagonismo no cenário, superando outras fragilidades que o ex-ministro, sobretudo, ainda enfrenta como neófito na disputa eleitoral.
O vice de Cícero, Leo Bezerra, se não chega a ser brilhante no campo das formulações teóricas, destaca-se como uma espécie de fiel escudeiro do prefeito, com quem compartilha a governabilidade em João Pessoa. Na prática, ambos “tocam de ouvido” a condução dos programas, obras e serviços implementados nos mais diferentes e longínquos bairros e logradouros do território pessoense, até por se enfronharem diretamente na realidade vivida pela população, mantendo-se atentos e proativos em relação ao repertório das demandas populares – na Saúde, na Educação, na mobilidade urbana e em outros setores considerados essenciais. A indicação de Leo para vice na primeira disputa, em 2020, foi diretamente avalizada pelo governador João Azevêdo, principal líder do Partido Socialista no Estado e novamente reiterada agora, embora houvesse lista com outros nomes viáveis e preparados para o confronto sobre o projeto de uma nova Capital. Bezerra já assumiu a titularidade algumas vezes e deu conta do recado, na avaliação feita pelo próprio Cícero Lucena.
A vice de Luciano Cartaxo terá o reforço das ideias e sugestões do marido, Ricardo Coutinho, que foi prefeito por duas vezes e também governador em dois mandatos, além de ter atuado como vereador e deputado estadual, sempre expressivamente votado a partir do maior reduto eleitoral da Paraíba. Ultimamente em Brasília, com lotação no Ministério da Saúde, Amanda Rodrigues tem potencial valioso a oferecer no curso da campanha, suprindo eventuais deficiências de Cartaxo e adicionando colaborações inovadoras para concretizar modelo de gestão efetivamente transformador. A proposta conceitual do ex-governador Ricardo Coutinho e de outros líderes do PT é, justamente, que a campanha de Luciano Cartaxo na versão 2024 constitua divisor de águas em comparação com gestões anteriores por ele empalmadas, atualizando-se o discurso e, por via de consequência, a proposição de soluções para os desafios que têm se ampliado à proporção que a Capital tem evoluído em densidade populacional e em vastidão de espaços urbanos. Há, ainda, especialistas de nível dentro do PT que poderão ser acionados para a confecção de um programa de governo mais moderno ou repaginado.
Os candidatos a vice-prefeito, em regra, são importantes para turbinar a retaguarda dos titulares das chapas que cortejam o voto popular para conquistarem o Centro Administrativo Municipal. Eles serão úteis, especialmente, no trabalho de agitação da militância correligionária dos candidatos a prefeito, atuando para engajá-la de forma mais decidida ao processo, tornando-o mais dinâmico e competitivo e, com isto, detonando um efeito multiplicador na captação de sufrágios entre a parcela dos eleitores indecisos ou que, eventualmente, insinuem voto nulo no pleito. Em alguns casos, pesa na escolha o tempo de TV de determinados partidos que integrem a coligação encabeçada pelo candidato. Mas o fator básico que os candidatos perseguem é a afinidade, como forma de dar segurança às chapas que lideram, como se fossem blocos monolíticos que em tese oxigenarão as próprias campanhas, abrindo caminho para a perspectiva de vitória.