Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, do União Brasil, que é candidato à reeleição, deflagrou, ontem mesmo, articulações políticas para recompor forças em torno do seu projeto e acomodar interesses no bloco que o apoia, visivelmente revigorado com a decisão do deputado federal Romero Rodrigues, do Podemos, de “fechar” com a postulação e descartar qualquer concorrência no esquema. Um evento ocorrido em Massaranduba, referente à disputa local, já reuniu figuras como o ex-prefeito Romero Rodrigues, o senador Efraim Filho, presidente estadual do União Brasil e o senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente estadual do MDB. Apurou-se que as conversações envolverão, ainda, o ex-governador Cássio Cunha Lima e seu filho, o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima.
Ficou consensuado, pelo que Bruno deixou escapar, que cabe a Romero, no cenário pós-reaproximação política, a indicação do nome para candidatura a vice-prefeito na chapa de Bruno, com plena liberdade para sugerir quem for da sua preferência. Na bolsa de apostas, dois nomes ganhavam força nas últimas horas – os do deputado estadual Tovar Correia Lima, do PSDB, e o do empresário Alcindor Villarim, do Podemos, que foi chefe de gabinete na administração de Romero na Rainha da Borborema. O prefeito Bruno Cunha Lima não cogitou, em nenhum momento, segundo assegurou, interferir no posicionamento de Romero, respeitando o seu livre arbítrio na questão. Depois de ter lutado incansavelmente para assegurar o apoio do antecessor à sua candidatura à reeleição e, finalmente, lograr êxito, tudo o que Bruno não deseja é criar complicação na estratégia que está sendo arquitetada com habilidade, por diversas mãos, para tornar tranquila a recondução do atual titular do Executivo ao cargo que empalma. O senador Veneziano Vital já havia deixado claro que não seria empecilho nesse processo.
O engajamento de Romero à campanha do atual prefeito deu um novo ânimo aos líderes do agrupamento que tenta manter a hegemonia e evitar que a oposição, liderada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD) e pelo governador João Azevêdo (PSB), venha a ser bafejada com espaços de crescimento no segundo colégio eleitoral do Estado. Até o momento o partido do governador oficializou a pré-candidatura do ex-secretário Jhony Bezerra, da Saúde, que está atuando para atrair o apoio do deputado Inácio Falcão, autoproclamado pré-candidato pelo PCdoB, da ex-secretária Rosália Lucas, do PSD e de André Ribeiro, do PDT. A tática consiste em unificar a oposição desde agora para um enfrentamento mais competitivo com o prefeito Bruno Cunha Lima, que indiscutivelmente se reforça com a adesão de Romero e com a arregimentação de uma autêntica força-tarefa agrupando pelo menos três partidos de expressão no palanque. Com a demora de Romero Rodrigues em anunciar um posicionamento na disputa eleitoral e Campina Grande, o próprio cronograma de campanha sofreu um atraso em todos os partidos. O Republicanos, que, por exemplo, apostava num rompimento de Rodrigues com antigos aliados, apressou-se a declarar apoio a Jhony por não sentir firmeza no propósito de candidatura pelo ex-prefeito.
Os principais líderes do agrupamento que apoia o prefeito Bruno Cunha Lima estão unificando o tom no sentido de demonstrar que a união agora em vias de se concretizar tem em vista favorecer os interesses da população, com o compromisso de cooperação para que uma eventual segunda gestão do prefeito do União Brasil tenha êxito e possa avançar nas conquistas de impacto reivindicadas pela população. Em declarações, ontem, à imprensa, o deputado estadual Fábio Ramalho, presidente do diretório estadual do PSDB, assegurou que o sentimento é de coesão e de articulação em torno de objetivos comuns. Por isso mesmo, como patenteou, há espírito de renúncia no que diz respeito a possíveis ambições individuais de figuras que orbitam no eixo da candidatura do prefeito Bruno Cunha Lima. “Estamos demonstrando amadurecimento político”, endossou Pedro Cunha Lima, que foi candidato ao governo em 2022 e avançou para o segundo turno contra João Azevêdo, alcançando votação expressiva.
As tratativas com o deputado federal Romero Rodrigues, envolvendo não somente a sua quota de participação na definição da chapa às eleições deste ano mas os seus espaços relevantes na formação de chapas majoritárias para 2026 estão começando, efetivamente, agora, aproveitando-se o ambiente de distensão que foi instaurado com o passo dado pelo deputado federal do Podemos com vistas a uma reconciliação com antigos e novos aliados na política de Campina Grande. Até prova em contrário, Romero Rodrigues tem cacife para escolher o mandato que deseja ocupar numa chapa majoritária dentro de dois anos – valendo a regra para uma vaga de senador ou, mesmo, uma candidatura a governador, que ele chegou a cogitar lá atrás e que refugou, preferindo manter-se na zona de conforto, ou seja, no comando da prefeitura municipal de Campina Grande. O prognóstico é de um embate acirrado entre grupos em Campina Grande na campanha deste ano, mas, agora, pelo menos, há mais clareza em torno do processo que será travado a céu aberto.