Nonato Guedes
A homologação, hoje, da chapa bolsonarista de candidatos à prefeitura de João Pessoa, tendo o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL) na cabeça e o ex-Secretário de Modernização do Governo Federal e pastor Sérgio Queiroz (Novo) como vices será uma oportunidade para vir a público um programa “de impacto” com soluções técnicas e criativas para os principais desafios da população pessoense. Em declarações, ontem, à rádio Arapuan, o procurador Sérgio Queiroz chamou a atenção para as “inovações” que serão agitadas para o debate com os demais postulantes à sucessão municipal. E adiantou que as propostas que brotarão são um somatório das experiências de ambos os candidatos, lembrando que Marcelo Queiroga foi ministro de uma Pasta estratégia em plena pandemia de covid-19 e que deu partida à vacinação maciça, além de ter adotado outros projetos exitosos na área da Saúde Pública.
Pelo tom dos pré-candidatos que serão homologados, os pontos principais da plataforma da chapa serão focados na Saúde e na Educação, aproveitando-se, em relação a este último ponto, a experiência do pastor-procurador Sérgio Queiroz em projetos educacionais como a Fundação Cidade Viva que, conforme ele, já detém um vasto legado na realidade transformadora em João Pessoa, com reflexos em toda a Paraíba, engajando-se não somente em funções educacionais como em projetos sociais de recuperação de dependentes químicos e de outras pessoas em situação absoluta de vulnerabilidade, principalmente na periferia da Capital paraibana. Tais ideias, que serão conjugadas com experimentos que teriam sido referências na gestão do presidente Jair Bolsonaro, darão a tônica do discurso da dupla, sem perder de vista o confronto ideológico, com os dois pré-candidatos incluindo o debate ideológico sobre bandeiras nacionais polêmicas, do ponto de vista da concepção conservadora ou de direita. Tanto Marcelo Queiroga como Sérgio Queiroz assumem o rótulo de seguidores da direita, com isto marcando território, sobretudo, no confronto com o PT e com forças de esquerda alinhadas com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A confirmação da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha dos seus ex-auxiliares em João Pessoa é uma espécie de trunfo ou de troféu que a dupla exibe como fundamental para o crescimento da campanha, ejetando a candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga, que faz sua estreia na política, a uma posição que lhe permita, até mesmo, polarizar com postulantes que cortejarão votos do eleitorado à direita, ao centro e no campo da centro-esquerda, neste último caso tendo como expoente o prefeito Cícero Lucena (Progressistas), que marcou a convenção para a segunda-feira, aniversário seu e de emancipação da antiga Felipéia de Nossa Senhora das Neves. Nos últimos dias, longe dos holofotes, Queiroga e Queiroz se debruçaram sobre a formulação e a análise de propostas capazes de modificar a conjuntura sócio-econômica-administrativa em João Pessoa. Eles se dizem arautos de um “novo modelo de governança” e acreditam que este rótulo terá forte apelo junto a camadas politizadas do eleitorado pessoense.
A definição da chapa agora consolidada não deixou de constituir um parto laborioso, principalmente para o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga, que e deslocou para João Pessoa logo após encerrado o único governo de Bolsonaro (não reeleito em 2022) e passou a empreender gestões no sentido de ser adotado como candidato do PL à prefeitura municipal. Até então, a figura de maior expressão dentro do partido era o comunicador Nilvan Ferreira, que disputou o governo do Estado em 2022 contra João Azevêdo. Nilvan ganhou projeção mesmo na disputa à prefeitura em 2020 pelo MDB, quando avançou para o segundo turno contra Cícero Lucena, desbancando pesos pesados da política local. Não logrou, porém, ser ungido na rodada decisiva e acabou refazendo sua rota com a chegada de Queiroga, em alto estilo, nos quadros do PL. Ele optou por filiar-se ao Republicanos, presidido pelo deputado federal Hugo Motta, aliado do governador João Azevêdo, e migrou para Santa Rita, onde é o candidato da legenda, enfrentando o grupo que está no poder, ligado à família Panta, do PP. Nilvan já teve declaração de apoio à sua pré-candidatura por parte do governador socialista.
Marcelo Queiroga, depois de conseguir isolar Nilvan dentro das hostes do PL e, diretamente, junto ao próprio Jair Bolsonaro, teve que empreender gestões para conciliar remanescentes da legenda como o deputado federal Gilberto Silva e o deputado estadual Walbber Virgolino, que, em princípio, fizeram restrição à sua adoção como candidato na Capital. O Cabo Gilberto foi designado coordenador de campanhas na região metropolitana de João Pessoa, enquanto Walbber Virgolino teve asseguradas legenda e estrutura para concorrer na cidade de Cabedelo, onde dará combate ao pré-candidato André Coutinho, do Avante, apoiado pelo prefeito Vítor Hugo. Superadas as divergências com os antigos apoiadores de Nilvan, Queiroga procurou se acertar com Queiroz, expressivamente votado ao Senado em João Pessoa em 2022 quando era filiado ao PRTB. Com a mediação de Bolsonaro, formaram a chapa, que parte, agora, para o desafio de derrotar nomes competitivos que se apresentam na disputa de 2024 na Capital paraibana.