Nonato Guedes
A convenção programada para às 16h de amanhã na Domus Hall para homologar as candidaturas do prefeito Cícero Lucena (Progressistas) e do vice-prefeito Léo Bezerra (PSB) à reeleição é tida como o coroamento de uma trajetória que fala de persistência, compromisso e vocação para a gestão pública. Apoiado pelo governador João Azevêdo, líder do PSB, e por um leque de partidos, a exemplo do Republicanos, PSD, Avante, Solidariedade, Cícero estará sendo confirmado para concorrer ao quarto mandato à frente do Centro Administrativo Municipal. Se isto se efetivar, ele irá superar os ex-prefeitos Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo, ambos atualmente no PT, que foram eleitos duas vezes. Ricardo, inclusive, não chegou a concluir o mandato, transferindo-o ao então vice, Luciano Agra (falecido), diante do projeto de disputar (e vencer) o governo do Estado em 2010. Cartaxo, que foi cogitado para candidato a governador em 2018, cumpriu integralmente os períodos na prefeitura da Capital, não elegeu a sucessora, Edilma Freire, mas logrou retornar à Assembleia Legislativa em 2022. No seu currículo consta que foi vice-governador de José Maranhão, que assumiu em 2009 com a cassação de Cássio Cunha Lima.
Cícero Lucena Filho também foi vice-governador de Ronaldo Cunha Lima – eleitos que foram em 1990, concorrendo pelo PMDB. Catapultado da construção civil, área em que se destacava em João Pessoa, para a vida pública, ele cumpriu mandato de dez meses como governador, com a desincompatibilização de Ronaldo para concorrer ao Senado, e procurou dar continuidade ao programa que haviam defendido na praça pública. Assumiu o Executivo em outras oportunidades, inclusive, em momento difícil, quando Ronaldo atirou contra o ex-governador Tarcísio Burity no restaurante “Gulliver”. Manteve a situação sob controle e surpreendeu a opinião pública com sua capacidade de decisão perante os desafios que teve pela frente. Em relação à política, atuava até então apenas nos bastidores de campanhas, como as do senador Humberto Lucena, paraibano que presidiu o Congresso Nacional por duas vezes. Como vice-governador, teve papel decisivo na reabertura do Banco do Estado da Paraíba (Paraiban) que havia sofrido liquidação extrajudicial por parte do governo Collor de Mello. Foi peça relevante na montagem da Comissão Interpoderes, criada para dialogar sobre questões salariais com representantes de categorias do Executivo, Legislativo e Judiciário.
No governo Fernando Henrique Cardoso, foi Secretário de Políticas Regionais, com status de ministro, vinculado ao Ministério do Planejamento que era exercido por José Serra, ex-presidenciável do PSDB. Tendo deixado o governo do Estado com 80% de aprovação, ele conseguiu aprofundar sua identidade com o eleitorado de João Pessoa e com os problemas da Capital. Candidatou-se pela primeira vez a prefeito em 1996 e foi eleito. Em 2000, com o instituto da reeleição já vigorando, disputou um novo mandato e saiu vitorioso. Entre suas marcas, ainda hoje lembradas pelos mais antigos, figura a extinção do “Lixão do Róger”, que era uma nódoa na paisagem pessoense e um eterno desafio para administradores. Os analistas consideravam que Cícero havia se tornado uma revelação na quadra política paraibana. Ele foi eleito senador derrotando o empresário Ney Suassuna e colecionou uma única derrota à prefeitura da Capital, em 2012, para Luciano Cartaxo. Voltou em alto estilo em 2020, saindo vencedor no segundo turno contra o comunicador Nilvan Ferreira, que despontava como fenômeno eleitoral na Capital paraibana.
A esta altura, Cícero Lucena, que é natural de São José de Piranhas e que aniversaria a cinco de agosto, coincidindo com o aniversário de fundação da Capital paraibana, havia repaginado sua carreira política-partidária, desalinhando-se do esquema Cunha Lima, com raízes em Campina Grande, e ligando-se ao governador João Azevêdo, que, por sua vez, começava a guardar distância do ex-governador Ricardo Coutinho, de quem fora secretário, inclusive, em Pasta estratégica. O ingresso no Progressistas, comandado pelo “clã” Ribeiro, de Campina Grande, possibilitou a Cícero uma recomposição nas alianças políticas, da mesma forma como a aproximação com o governador João Azevêdo permitiu-lhe condições de flexibilidade para dialogar com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar das fortes restrições movidas contra ele por expoentes do PT paraibano, que tudo fizeram para impedir que a agremiação fechasse com o apoio à candidatura de Cícero à reeleição, o que era desejado por alguns filiados petistas.
Lucena tem sido bafejado, neste terceiro mandato, por uma bem sucedida parceria com o governo de João Azevêdo, mobilizado no sentido de carrear investimentos e obras de impacto na Capital, preparando-a para a marca do hum milhão de habitantes. A gestão de resultados que apresenta ao eleitorado é o grande trunfo de Cícero para a continuidade administrativa, em paralelo com novas propostas que ele vai debater na campanha eleitoral e com a conquista de recursos externos de monta, obtidos em agências de desenvolvimento de governos de outros países. Conquanto apontem omissões pontuais na administração de Lucena, os adversários reconhecem os avanços que estão sendo implementados em João Pessoa. O prefeito não “canta” favoritismo – sua tática consiste em trabalhar dia e noite para atender demandas e resolver problemas. Conta com um fiel escudeiro – o vice-prefeito Léo Bezerra, do PSB, filho do deputado estadual Hervázio Bezerra. Os dois tocam de ouvido a administração que pretende ser plebiscitada favoravelmente pelo eleitorado nas urnas, em outubro.