O ex-senador paraibano Marcondes Gadelha, que foi candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Sílvio Santos e impugnada pelo TSE na eleição de 1989, declarou a Carlos Madeiro, colunista do UOL, que “só Deus sabe como eu fui parar na chapa de vice do comunicador”. Recorda que foram apresentados vários nomes e que Sílvio Santos, de bate-pronto, disse: “Marcondes!”. E acrescenta: “Não ia perguntar por que, só aceitei”. Para ele, a chapa foi inviabilizada porque o empresário e dono do SBT, falecido no final de semana, foi vítima de uma “conspiração implacável” para que não conseguisse disputar o cargo.
Conforme Gadelha, autor do livro “Sonho Sequestrado” em que descreve o episódio, três nomes teriam comando a oposição a Sílvio Santos: Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, Antônio Carlos Magalhães, ex-senador e ex-ministro das Comunicações e João Leitão de Abreu, ex-ministro do Gabinete Civil do presidente João Figueiredo. Sílvio Santos era filiado ao PFL e o candidato do partido à Presidência, Aureliano Chaves, decidiu renunciar á disputa por não conseguir chegar a 3% das intenções de voto. “Ele estava perdendo para Collor no Estado de Minas Gerais, e decidiu renunciar faltando 15 dias para a eleição. E não adiantava trocar por um candidato de mesmo estilo”.
Diz Marcondes que, na época, existia um populismo de direita e de esquerda, com Collor e Lula. “Não tinha para ninguém. Tinha que ser alguém com popularidade fora do comum e só tinha um nome: Sílvio Santos, do PFL”. Acontece, diz, que a conspiração conseguiu convencer Aureliano a manter a candidatura e assim não abrir espaço para Sílvio. “Havia uma conspiração dividida em três tempos: primeiro, era impedir que Sílvio tivesse a nossa legenda (PFL), segundo era impedir que ele conseguisse outra legenda e o final seria impedir na Justiça”.
A partir da negativa do PFL, houve “uma luta” para achar outra legenda e conseguiu-se, milagrosamente, o PMB, Partido Municipalista Brasileiro, do pastor Armando Corrêa. O pedido de registro da candidatura foi feito em 4 de novembro, 11 dias antes da votação do primeiro turno. “Aí, esse pessoal da conspiração começou um trabalho para dar um resultado adverso no TSE: jogaram juristas e jornalistas na imprensa, eram editoriais de todo tipo”, afirma. Ele diz que o julgamento do TSE que vetou a candidatura de Sílvio por 7 votos a O feriu o devido processo legal. Marcondes ressalta que Sílvio Santos, se tivesse sido candidato e tivesse sido eleito, faria um governo revolucionário no país, em favor dos pobres.