Nonato Guedes
O senador licenciado Efraim Filho, do União Brasil-PB, que por ora está fortemente engajado em campanhas eleitorais de candidatos do seu partido e candidatos de partidos aliados a prefeituras municipais em diferentes regiões, tem discutido, internamente, os desdobramentos da conjuntura para as eleições de 2026 quando estarão em jogo o governo do Estado e duas vagas ao Senado. Ele tem feito ponderações no sentido de mostrar que a unidade será um fator decisivo para ascensão do grupo oposicionista ao poder, derrotando o esquema do governador João Azevêdo (PSB) e seus liderados, e cita o exemplo de 2022 quando a união de forças projetou o então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) ao segundo turno, empalmando uma disputa que se revelou competitiva com o chefe do Executivo reeleito, tanto assim que a diferença foi estreita no cômputo geral. Essas eleições produziram também, em primeiro turno, a vitória do próprio Efraim ao Senado, desbancando nomes como o do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e da ex-deputada Polyanna Dutra (PSB), esta fortemente apoiada pela máquina oficial.
Efraim avalia que, no cenário eleitoral atual, as forças políticas ligadas ao governador João Azevêdo estão dispersas e, em muitos casos, vivenciando situações de enfrentamento nos municípios, por conta das peculiaridades locais das disputas ou alianças pela conquista de prefeituras e cadeiras em câmaras de vereadores. Mencionou casos de deputados da base oficial que, preteridos pelo governador nos confrontos em suas regiões, sinalizam distanciamento e até possibilidade de rompimento com o Executivo no que diz respeito ao alinhamento ou atuação na Assembleia Legislativa do Estado. A seu ver, esses problemas constituem embriões de uma divisão maior que tende a se aprofundar no interior do esquema governista, tendo como pano de fundo as definições para 2026. A reflexão de Efraim toma por base os conflitos entre integrantes de pelo menos três partidos de apoio governista – o PSB, o PP e o Republicanos, que, além de divergências pontuais em 2024, possuem ambições concorrentes para o próximo pleito, no que tange à ocupação de espaços majoritários nas chapas que serão esboçadas até lá pelos protagonistas da situação.
A consequência inevitável, situa o parlamentar do União Brasil, será a escalada de defecções por parte de deputados, prefeitos e outros líderes influentes que se sentirem escanteados nas eleições deste ano, com migração rumo à oposição, até por efeito de sobrevivência política. Essa realidade, de acordo com ele, será tanto mais grave porque coincidirá com o ingresso do governo na fase de contagem regressiva para deixar o poder que ora exerce, abrindo campo para uma revoada com destino a outros rumos onde tenham mais segurança quanto às suas chances. “É um quadro que nos favorece colateralmente, se tivermos a capacidade de manter a coesão que assegurou resultados espetaculares e até mesmo surpreendentes na campanha de 2022”, assinalou o senador. Efraim identifica, com antecedência, pontos de exaustão na influência avassaladora que até então o esquema de João Azevêdo parecia exercer na conjuntura paraibana, tendo como corolário o desgaste que mina essa influência e enfraquece as perspectivas de dominação política. Analisa, por outro lado, que as eleições municipais poderão fazer emergir uma reconfiguração distinta, com a entrada em cena de outros personagens que têm credenciais e liderança para firmar-se no próprio contexto estadual.
Efraim foi um dos articuladores principais da demorada negociação em torno do fechamento da unidade do grupo em Campina Grande para as eleições de outubro próximo, tendo como base a candidatura do prefeito Bruno Cunha Lima, do União Brasil, à reeleição. A unidade parecia ameaçada diante da postura enigmática e arredia do deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues, do Podemos, que recebia, ainda, estímulos externos para assumir novamente uma candidatura, inclusive, em posição de enfrentamento a Bruno Cunha Lima. A solução do contencioso, que envolveu outros líderes influentes na política da Rainha da Borborema, preservou o projeto de Bruno e manteve a coesão, na perspectiva de fortalecer-se o esquema em projetos futuros. Campina é considerada “reserva estratégica” da oposição para o embate de 2026, e lá se concentram forças expressivas como o ex-candidato a governador Pedro Cunha Lima e o ex-governador Cássio Cunha, além do senador Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, em oposição a aliados de João e a outros adversários que buscam destronar o “clã” dos comandos no segundo colégio eleitoral do Estado. Em outros municípios a realidade local é respeitada no contexto, diante do esforço incessante por convergências, não por defecções.
Pelo que já deu a entender, o senador Efraim Filho não moverá nenhuma palha para abrir conflito com o ex-deputado Pedro Cunha Lima, que também tem seu nome cogitado nas hostes da oposição para concorrer novamente ao governo do Estado em 2026. Reconhece e faz questão de ressaltar que Pedro emergiu prestigiado das urnas, ainda que não tenha sido o vencedor em 2022, até pela circunstância de ter enfrentado o rolo compressor da máquina oficial. Mas tem consciência de que o seu próprio nome está colocado em evidência, desde que se afirmou como liderança no processo de renovação política que alternadamente é experimentado no Estado da Paraíba. Estará pronto para o desafio, como esteve em 2022, correndo riscos ao romper com o governador João Azevêdo e lançar-se ao Senado de forma destemida. O que não haverá de sua parte será qualquer movimento para trincar a unidade do bloco ou fomentar divergências que prejudiquem a homogeneidade pretendida. Afinal, a experiência adquirida em embates memoráveis o autoriza a defender soluções que lhe parecem justas e acertadas que possam viabilizar o projeto de poder perseguido pelos que estão, por ora, na oposição.