Nonato Guedes
O governador João Azevêdo (PSB) fez um movimento político no início da semana ao reunir, em João Pessoa, secretários e demais auxiliares de confiança, pedindo-lhes reforço no engajamento à campanha do prefeito Cícero Lucena (PP) à reeleição na Capital e principal colégio eleitoral do Estado, destacando, inclusive, a importância de se trabalhar para que ocorra uma vitória já no primeiro turno das eleições, legitimando-se, cada vez mais, o mandato atualmente exercido pelo gestor. O governador avaliou como positivas as pesquisas até agora divulgadas e que convergem no sentido de apontar a liderança de Cícero no páreo, ponderando, entretanto, que não deve haver sentimento triunfalista de “já ganhou” entre os seus aliados políticos. Para ele, o fator decisivo, mesmo, para assegurar a recondução de Lucena, é o trabalho dos agentes políticos que militam dentro da coligação formada em torno de Cícero para as eleições de outubro.
O prefeito também compareceu ao evento, realizado no Clube Cabo Branco, falou sobre a estratégia que está adotando juntamente com o vice-prefeito Leo Bezerra (PSB), que também concorre à reeleição, e demonstrou otimismo e confiança quanto à possibilidade de estar no “caminho certo”, mencionando como termômetro dessa realidade as pesquisas levadas ao conhecimento público. Tanto o governador como o prefeito têm estado alinhados no discurso que ressalta a importância da parceria entre Estado e município para a continuidade e o avanço das políticas públicas que estão sendo implementadas em setores essenciais e da execução de obras de infraestrutura reivindicadas por segmentos da população. João Azevêdo lembrou casos em que a falta de parceria teve reflexo negativo para o prosseguimento de ações deflagradas e para a intensificação de serviços em benefício da sociedade. Não citou nominalmente, mas a falta de ‘liga’ entre Ricardo Coutinho, quando governador, e Luciano Cartaxo, quando prefeito, teria sido um dos exemplos. Atualmente ambos estão juntos e misturados, dentro do PT, contra Cícero e os demais adversários, mas nem sempre estiveram afinados, e é certo que esse hiato não beneficiou a histórica cidade, antiga Felipéia de Nossa Senhora das Neves.
A parceria entre João Azevêdo e Cícero Lucena remonta à campanha eleitoral de 2020, quando o prefeito disputou seu primeiro mandato na nova fase de militância política na Paraíba. A reeleição de João ao governo do Estado em 2022 abriu a perspectiva para intensificação do intercâmbio entre as gestões, o que é admitido como positivo, inclusive, pelos que não querem ver Cícero cumprindo mais um mandato na prefeitura de João Pessoa. Concretamente, há ações que são da responsabilidade da prefeitura e que têm sido deflagradas dentro do cronograma que foi estabelecido pelo titular da gestão, como há iniciativas que só podem ser executadas pelo governo do Estado, que, por sua vez, cumpre a sua parte. E, enfim, há situações em que as iniciativas são conjuntas ou complementares, quer da parte do governo estadual, quer da parte da administração municipal, com as respectivas contrapartidas. O entrosamento bem sucedido é facilitado pela conjuntura de equilíbrio financeiro que Estado e município experimentam. Sobre o governo que preside, João Azevêdo tem dito que vive um grande momento. Ele passou a dizer que, sob a coordenação de Cícero, o governo local também passa por etapa auspiciosa. Somadas, as situações favorecem o deslanche de projetos, a execução de serviços e a adoção de políticas públicas, que em muitos casos contam, também, com a interveniência do governo federal.
No Guia Eleitoral com que se apresenta, pedindo que seja renovada a confiança na sua gestão realizadora, o prefeito Cícero Lucena alardeia o volume dos investimentos carreados para João Pessoa e o alcance das políticas implantadas, deixando a mensagem subliminar de que a continuidade passa a ser fundamental para que os projetos se concretizem ou se viabilizem na sua plenitude. Esta tônica tem sido abordada, inclusive, como resposta a adversários que já foram prefeitos de João Pessoa, em períodos distintos da realidade local e que apontam eventuais falhas ou omissões que estariam ocorrendo. Como candidato à reeleição e, diante do favoritismo que ostenta, Cícero Lucena tem sido bombardeado impiedosamente por três adversários de peso: o deputado estadual Luciano Cartaxo, candidato pelo Partido dos Trabalhadores, o deputado federal Ruy Carneiro, candidato do Podemos, e o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, candidato pelo PL.
Ontem, Queiroga e Cartaxo anunciaram a jornalistas as presenças, em seus respectivos palanques, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como tática para mobilizar apoiadores e atrair eleitores indecisos, quer à direita, quer à esquerda. Na semana passada, Lula veio à Paraíba e cumpriu apenas agenda institucional, ao lado do governador, o que leva Cartaxo a proclamar que ele vem para agenda política num segundo turno. Já sobre Bolsonaro, Queiroga calcula que ele virá ainda em setembro, juntamente com a ex-primeira-dama Michelle, com quem o ex-ministro trabalhou em projetos envolvendo hospitais para portadores de doenças raras e outros de repercussão social. Enquanto Cartaxo aposta numa incógnita (o segundo turno) e Queiroga apela para o casal Bolsonaro, Cícero investe no reforço do governador João Azevêdo, que é bem avaliado, e no caráter local da disputa, que em João Pessoa não foi nacionalizada. É uma corrida contra o relógio – afinal de contas, a campanha eleitoral de 2024 tornou-se mais curta do que se imaginava e ainda não tem empolgado fortemente multidões no cenário a céu aberto de João Pessoa.