Em meio às articulações que podem levar o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) a se eleger presidente da Câmara dos Deputados, analistas políticos lembraram, hoje, que o posto foi ocupado por pelo menos dois paraibanos – o ex-senador Efraim Morais, pai do atual senador Efraim Filho, e o jurista Samuel Duarte, que se investiu em 1948. Efraim Morais era vice-presidente da Câmara em 2002 quando o presidente Aécio Neves, do PSDB, renunciou à titularidade para concorrer ao governo de Minas Gerais, saindo vitorioso. Filiado, então, ao PFL, Morais permaneceu por cerca de dez meses e foi quem deu posse ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia derrotado José Serra (PSDB). O PFL fazia oposição cerrada ao Partido dos Trabalhadores. Efraim disputou vaga ao Senado em 2002, conquistando uma das cadeiras – a outra ficou com o ex-governador José Maranhão, do MDB.
No Senado Federal, onde foi alçado à Primeira-Secretaria, Efraim Morais travou embates com o governo do presidente Lula, que se sentiu incomodado com um pedido de CPI do político paraibano para apuração de irregularidades nas transações com bingos no país. O presidente Lula chegou a qualificar a comissão como “CPI do fim do mundo”, diante da repercussão de depoimentos que incriminavam políticos filiados ao Partido dos Trabalhadores. Efraim Filho foi eleito senador em 2022 pelo União Brasil, derrotando candidatos como Ricardo Coutinho (PT) e Pollyanna Dutra (PSB), e atualmente lidera a bancada na Casa, tendo projeção nacional com a bandeira empalmada em prol da desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores de atividade. Embora o União Brasil participe do atual governo Lula, Efraim Filho declara ser independente, votando apenas as matérias de interesse público conforme a sua consciência. Ele está licenciado do mandato para se dedicar à campanha eleitoral de prefeito, sendo substituído pelo primeiro suplente André Amaral, que é mais focado nas causas da Paraíba.
Em relação a Samuel Duarte, no livro “Galeria Paraibana”, Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo diz que a carreira dele teve seu ápice na presidência da Câmara dos Deputados, em 1948, galgando alta posição de maneira imprevista. Explicou Osvaldo: “Em toda a história da República somente se elegeram para aquele cargo deputados oriundos das bancadas numerosas, isto é, dos grandes Estados, que através de civis ou militares, monopolizavam o governo da Federação. De Estado realmente pequeno, Samuel terá sido talvez o único a exercer aquelas funções até então. Acresce que ele foi contemplado com aquela posição quando o seu partido na Paraíba (PSD) havia sofrido duas derrotas seguidas, não conseguindo eleger para a Câmara mais do que três deputados. Atribuiu-se a escolha de Samuel a um impasse entre as representações de Minas Gerais e de São Paulo, o que tornou possível uma manobra de Agamenon Magalhães em favor do deputado paraibano, como candidato de conciliação. Ao ser eleito para a presidência da Câmara, Samuel não eras deputado influente nem dos mais conhecidos no meio parlamentar. Não se destacara na tribuna nem brilhara nas comissões. Mas Agamenon Magalhães o conhecia do Recife e pôde abonar-lhe as qualidades intelectuais e morais, que às vezes são tomadas em consideração para o provimento dos altos cargos da República”.
Samuel Duarte, acrescenta Osvaldo Trigueiro, correspondeu às expectativas e revelou-se um bom presidente, se bem que não tenha tido tempo de afirmar-se como um grande presidente. Ficou no cargo apenas um ano, sucedido que foi, na sessão legislativa de 1949 pelo deputado paulista Cirilo Júnior. Seja como for, a presidência deu-lhe projeção no cenário nacional, embora não haja contribuído para dar-lhe posição mais sólida na política estadual. Hoje, em declarações à rádio Arapuan, o deputado federal paraibano Murilo Galdino, do Republicanos, considerou auspiciosa a articulação em torno do nome do deputado Hugo Motta para a presidência da Câmara e ressaltou que será uma “grande vitória” para a Paraíba se isto for concretizado, dada a importância do cargo ocupado por Arthur Lira na estrutura de poder nacional. Murilo Galdino acredita que os movimentos do deputado Hugo Motta possam evoluir para uma candidatura consensual, com apoios em diferentes partidos, e frisou que isto poderá ter reflexos inevitáveis na conjuntura política paraibana para 2026.