Nonato Guedes
O vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro, do Progressistas, garantiu que mantém-se afinado com a liderança do governador João Azevêdo (PSB) e que, portanto, acatará sem restrições a decisão que ele tomar sobre a conveniência de permanecer no exercício do cargo até o final do mandato ou, então, desincompatibilizar-se para concorrer a uma vaga ao Senado ou a outro posto eletivo em 2026. Salientou que não há nenhuma pressão da sua parte nem de expoentes do grupo político a que pertence, como sua mãe, senadora Daniella Ribeiro, do PSD, e seu tio, deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, para interferir no posicionamento do chefe do Executivo, até pelo reconhecimento de que se trata de uma atitude pessoal e intransferível, que consulta os próprios interesses e conveniências de Azevêdo, ora na plenitude do seu segundo mandato à frente do Executivo paraibano.
Enfática, a manifestação do vice-governador Lucas Ribeiro foi feita em entrevistas a emissoras do Sistema Arapuan de Comunicação e serviu para dirimir dúvidas e desfazer especulações sobre o grau de relacionamento seu e do seu grupo com o governador João Azevêdo, que, conforme ele, é o mais amistoso possível, sem qualquer rusga, desinteligência ou desalinhamento. Lucas, inclusive, ressaltou que frequentemente conversa com o governador a respeito dos seus projetos futuros, colocando-se na postura de quem ausculta, não de quem tenta induzir. Ele, a propósito, sugeriu cautela a outros aliados da base governista quanto às definições para 2026, lembrando que elas dependerão de diversos fatores, inclusive, do resultado das eleições municipais para prefeito que vão se ferir em primeiro turno no Estado depois de amanhã e em que as legendas estarão empenhadas em oferecer musculatura ou demonstração de força política. Citou, também, que o Republicanos está na expectativa de que o seu dirigente, o deputado federal Hugo Motta, venha a se eleger presidente da Câmara na sucessão de Arthur Lira (PP-AL), o que, se concretizado, será uma grande vitória para a Paraíba, na sua opinião.
Conhecido pelo seu estilo discreto de fazer política, o vice-governador tem consciência de que se coloca no centro do furacão diante da iminente possibilidade de ascender à titularidade em caso de desincompatibilização de Azevêdo e, nesse caso, podendo concorrer ao governo do Estado pelo agrupamento situacionista. Dá a entender que está aberto e preparado para essas possibilidades ensaiadas mas não age com açodamento nem conspira para forçar esse desideratum, aguardando o desenrolar dos acontecimentos e disponibilizando-se para encarar os desafios que surgirem na sua trajetória. Repete, com essa tática, a posição firmada nas eleições de 2022, quando experimentou uma guinada espetacular na sua carreira, renunciando ao cargo de vice-prefeito da gestão Bruno Cunha Lima (União Brasil) em Campina Grande e saltando para a condição de candidato a vice-governador na chapa de João Azevêdo, que, então, buscava a reeleição. “Naquela época, o cenário resultou de uma construção bem sucedida, que passou pela unidade das forças políticas que estavam sob a liderança do governador”, explicou Lucas Ribeiro.
Concretamente, Lucas viveu essa guinada devido ao gesto do seu tio, Aguinaldo Ribeiro, de não concorrer à vaga ao Senado em 2022, como apontava o figurino discutido entre os aliados mais próximos do governador João Azevêdo, preferindo candidatar-se novamente à reeleição à Câmara dos Deputados. Essa decisão provocou reviravoltas de última hora nas hostes governistas, daí resultando que o grupo Ribeiro indicou o nome de Lucas para a candidatura a vice-governador, como forma de representá-lo na chapa majoritária, enquanto João Azevêdo fez outro movimento indicando o nome da então deputada estadual Pollyanna Dutra (PSB) como candidata ao Senado. Pollyanna chegou a ter votação expressiva e acabou em segundo lugar no páreo, o que foi considerado um desempenho promissor nas condições de temperatura e pressão em que ela foi lançada, praticamente de última hora, no embate eleitoral. João foi reeleito em segundo turno após duro combate ao deputado federal Pedro Cunha Lima, que concorreu pelo PSDB com o apoio de Efraim Filho, do União Brasil, este vitorioso na corrida senatorial.
A relação entre João Azevêdo e Lucas Ribeiro no desenrolar do segundo mandato do socialista é pautada pelo mais absoluto entrosamento, segundo atestam fontes ligadas ao governador e é admitido, também, pelo próprio Ribeiro, que cumpre missões institucionais delegadas pelo titular e contribui, de forma proativa, para assegurar a governabilidade que é exigida na atual conjuntura que a Paraíba enfrenta. A projeção alcançada, apesar da juventude e do pouco currículo na genealogia política do Estado, alçou Lucas Ribeiro, naturalmente, a uma situação privilegiada no contexto das lideranças políticas, muitas delas raposas políticas experientes, que ambicionam candidaturas a governador ou a cargos majoritários no Senado, diante da perspectiva de renovação de duas vagas pela Paraíba no Congresso. A esse respeito, Lucas Ribeiro, nas entrevistas, também foi assertivo ao proclamar que sua mãe será candidata à reeleição ao mandato de senadora, o que considera um direito natural e uma consequência legítima da atuação que vem tendo na Casa Legislativa, onde presidiu a Comissão Mista de Orçamento. O grande alerta que Lucas faz é sobre a necessidade de assegurar-se a unidade, que, para ele, é o segredo da jornada para uma vitória do esquema em 2026. “Estou pronto para fazer a minha parte e assumir desafios”, obtempera ele.