A jovem escritora Flora Ajala, natural de João Pessoa, acaba de lançar seu primeiro livro, marcando sua estreia no cenário literário brasileiro. A obra ‘Dentro de Quatro Palavras’, (Editora Minimalismos), segundo a própria autora, não nasceu como ideia de livro e começou como uma brincadeira, para superar os dias difíceis, quando Flora fazia mestrado fora do Brasil. “A brincadeira era tentar definir uma palavra, usando apenas quatro palavras. Esse desafio me mantinha concentrada e contemplativa”, disse a escritora, graduada em Tradução pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Letras, menção Literatura, Cultura e Tradução (UFPB) e mestre em Edição e Profissões do Livro pela Université de Limoges (França).
O livro traz aos leitores uma forma ou uma fórmula de desacelerar, ler e brincar com as palavras, sem pressa, como um convite à leitura nas entrelinhas. As 64 páginas da obra formam um dicionário minimalista, onde a escritora define verbetes usando apenas quatro palavras, deixando as entrelinhas falarem. “Só depois que comecei, percebi o conteúdo como um dicionário e passei a organizá-lo em um formato de livro”, definiu. Alguns textos de Flora já foram publicados em antologias de contos e poesias.
Ela revelou que o cotidiano e as relações humanas são suas fontes de inspiração, onde encontra espaço para a criatividade. Flora ainda trabalha como tradutora, revisora e preparadora de textos. “A partir do momento que eu comecei a enxergar um livro nesse conjunto de definições, comecei a explorar antônimos ou palavras que se relacionavam com as que já estavam ali, como foi o caso de ‘primavera’, ‘verão’, ‘outono’ e ‘inverno’”, pontuou. A escrita de Maria Valéria Rezende, Mariana Salomão Carrara, Conceição Evaristo, Guimarães Rosa, Milan Kundera, João Anzanello Carrascoza e Valter Hugo Mãe também é fonte inspiradora para a escritora.
Para Flora Ajala, a maior vantagem de ter visto esse livro nascer despretensiosamente foi não ter uma grande autocobrança em torno da sua escrita. Flora considera o primeiro verbete, ‘dislexia’, que iniciou a brincadeira muito significativo para ela. “Poderia também falar do verbete ‘amor’, que me fez revisitar e reescrever a famosa frase: ‘amor não põe mesa’. Para mim, que fui uma criança que entendia tudo muito literalmente, essa frase sobre o amor sempre foi uma poesia”, comentou a escritora, que já trabalha na conclusão de seu primeiro livro infantil, em fase de negociação para publicação. “Um livro de crônicas e outro de contos são projetos que estão em andamento”, adiantou.
A inspiração de Flora parece não deixar espaço para bloqueios criativos. “Quando o bloqueio criativo quer dar as caras, eu escrevo… qualquer coisa, mas principalmente o que está ocupando minha cabeça, eu ouço música e eu ‘Levo a vida pra passear’, como canta Paulo Nazareth”.