O cineasta paraibano Vladimir Carvalho, um dos nomes mais importantes do cinema nacional, morreu nesta quinta-feira (24/10) aos 98 anos, em Brasília. O artista sofria de problema nos rins e estava internado há três semanas. Ele não resistiu a um infarto, segundo informação confirmada pela imprensa sulista e de Brasília. Em janeiro, Vladimir, que era natural de Itabaiana, comemorou o aniversário de 89 anos no Cine Brasília. Na ocasião, ele exibiu o filme O País de São Saruê, primeiro longa-metragem de sua carreira.
– Estou projetando, neste cinema, o filme O País de São Saruê, que encerra a temporada agora, celebrando meu aniversário. Esse filme foi feito na década de 1970 e está conquistando uma sobrevida com a nova versão em 4K. Estou muito feliz – disse Vladimir, à época.
O longa-metragem aborda questões relacionadas à seca e à reforma agrária na Região Nordeste. Vladimir escolheu Brasília como o local para viver e para praticar sua arte. Ao longo da carreira, fez parte do Cinema Novo e produziu obras clássicas do cinema nacional como o Evangelho Segundo Teotônio, Conterrâneos Velhos de Guerra, Barra 68 e Engenho de Zé Lins. Uma de suas obras mais recentes, o documentário Rock Brasília – Era de Ouro (2011) relembrava o sucesso desse gênero musical na capital do Brasil.
Vladimir Carvalho também foi um dos fundadores do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB). Ele chegou ao Centro de Ensino em 1969, a convite de Fernando Duarte. Como acadêmico e docente, Vladimir encarou o desafio de ensinar cinema durante a ditadura militar, viu o curso ser fechado pela repressão e viveu o período da redemocratização. Em 2012, Vladimir ganhou o título de professor emérito da UnB. No momento do reconhecimento, ele comemorou a conquista.
“O tempo passou num piscar de olhos, como nos filmes de cinema, e aqui estamos nós neste continuado esforço de refundação da UnB. Eu me rejubilo e saio daqui todo me achando e comungando com o velho Camões: “Estou em paz com minha guerra”, falou. Reportagem do “Correio Braziliense” destaca que Vladimir Carvalho foi um dos mais importantes documentaristas brasileiros, um guardião da memória e da história do cinema nacional e, principalmente, do brasiliense.