Nonato Guedes
Enquanto o deputado federal paraibano Hugo Motta, do Republicanos, vai se firmando como favorito para presidir a Câmara dos Deputados no próximo biênio, o senador Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, ganha reforço junto a diferentes partidos para seu projeto de voltar a comandar o Senado da República. Ontem, o Partido dos Trabalhadores, que é o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que sua bancada de nove senadores, do total de 81, votará em Alcolumbre na eleição de fevereiro de 2025. O parlamentar conta, igualmente, com o endosso do PL, do PP, do PDT e PSB, além do seu partido, o União Brasil. Juntas, as siglas somam 44 senadores sendo necessários ao menos 41 para que um candidato se eleja em primeiro turno. O Republicanos, também com quatro senadores, já sinalizou tendência de fechar com Alcolumbre, não tendo oficializado a decisão.
Um levantamento feito pelo “Poder360” mostrou que Alcolumbre seguiu majoritariamente o posicionamento do governo de Lula nas votações que transcorreram durante este terceiro mandato do petista, algumas de caráter polêmico. O congressista repetiu o voto do líder do Governo no Senado, Jaques Wagner, do PT-BA, em 55 das 68 análises nominais – quando há registro individual aberto – em que ambos votaram em 2023 e 2024, o que corresponde a um “índice de governismo” de 80%. Alcolumbre já ocupou o posto de 2019 a 2021 e é tido como favorito na corrida pelo comando do Senado nesta nova conjuntura. O senador pelo Amapá conta com o apoio de grande parte da oposição e do centro. É aliado do atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que, inclusive, já lhe manifestou apoio e atualmente preside a Comissão de Constituição e Justiça, colegiado mais importante do Congresso Nacional.
O senador Beto Faro, do PT-BA, líder do partido no Senado, assegurou que Davi Alcolumbre “tem um compromisso com a governabilidade do país” e que ele vai encaminhar, se for confirmada sua ascensão à presidência, os pontos da pauta econômica, “que ajuda a destravar e desenvolver o país”. Este teria sido o ponto de partida para a manifestação do Partido dos Trabalhadores, que, com a confirmação do apoio a Alcolumbre, reedita no Senado a dobradinha feita com o PL na Câmara dos Deputados em apoio à candidatura do deputado Hugo Motta. Alcolumbre já prometeu à bancada petista um espaço relevante nas comissões do Senado. Na definição de Beto Faro, “o PT quer estar nas principais comissões porque somos a quarta maior bancada do Senado e deixamos claro o nosso desejo de garantir a nossa proporcionalidade, a nossa força política, por se tratar do partido do presidente da República”. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, do PL-RN, já havia declarado apoio a Alcolumbre, definindo-o como fruto de uma decisão estratégica para que a oposição ocupe comissões permanentes e consiga “trabalhar pautas importantes”.
– Nós acreditamos que essa nossa decisão fortalece a candidatura do senador Davi Alcolumbre, e nós esperamos que a Casa seja levada em consideração, em primeiro lugar e que haja uma democracia interna respeitando a posição de cada um dos integrantes. Quem é oposição tem a possibilidade de fazer oposição na sua plenitude. Quem é ligado ao governo, da mesma maneira – acrescentou Rogério Marinho. Em relação à disputa na Câmara dos Deputados, o apoio do PL à candidatura do deputado Hugo Motta acabou isolando a pretensão do deputado Elmar Nascimento, do União Brasil, que foi praticamente “rifado” do páreo, tendo recebido como prêmio de consolação por parte do atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), a incumbência de relatar destinação de emendas parlamentares para o Orçamento do próximo ano. Já Odair Cunha (MG), líder do PT na Câmara, justificou à imprensa que a adesão ao parlamentar paraibano deveu-se ao entendimento de que ele está preparado para continuar um trabalho de representação que dialogue com as preocupações do povo brasileiro em torno de temas considerados importantes ou mesmo essenciais. “A presidência de Hugo Motta e a consolidação deste bloco significam o funcionamento desta Casa tão importante”, ressaltou.
Nas últimas horas, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira |(SP), que desistiu de concorrer ao comando da Câmara e lançou Hugo Motta, afirmou que seu liderado acumula grande aderência entre os partidos e terá uma vitória tranquila, possivelmente em um primeiro turno. “Tenho muita confiança na vitória de Hugo Motta. São necessários 257 votos, de 513, para uma eleição em turno único. Só os apoiamentos que já foram anunciados ao longo da semana passada dão indicativos de que essa será uma eleição vitoriosa e com ampla maioria, e é óbvio que nós estamos com muita humildade, mas com muita tranquilidade”. Marcos Pereira explicou que está sendo feito muito diálogo com franqueza e transparência entre as lideranças partidárias. “Esse primeiro momento da construção da candidatura está sendo feito com os líderes e presidentes de cada partido, além das suas bancadas, para depois, no próximo momento, a gente trabalhar o voto a voto e o corpo a corpo”, finalizou Marcos Pereira.