Nonato Guedes
Numa entrevista concedida ontem à noite ao programa “60 Minutos”, da Rádio Arapuan, o prefeito reeleito de João Pessoa, Cícero Lucena, declarou que não cogita deixar os quadros do Progressistas (PP) porque se sente bem acolhido e prestigiado na legenda, de quem recebeu todo o apoio para sua campanha no pleito deste ano, em que assegurou o quarto mandato à frente do executivo da Capital. Ele também descartou qualquer pretensão de candidatar-se ao governo do Estado em 2026, revelando que tem compromisso firmado para encetar o seu melhor mandato como prefeito e que patenteou essa intenção a céu aberto, no diálogo com os eleitores, quando teve oportunidade de discutir problemas e apresentar soluções realistas. Mas enfatizou que deseja, naturalmente, influir nas decisões que serão tomadas dentro do grupo liderado pelo governador João Azevêdo (PSB) sobre formação de chapa majoritária em 2026.
Cícero, que no primeiro turno derrotou candidatos como os deputados Ruy Carneiro, do Podemos, e Luciano Cartaxo, do Partido dos Trabalhadores, e venceu o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga (PL) por ampla vantagem no segundo turno, considerou legítimas algumas pretensões que começam a ser colocadas na mesa para o próximo pleito, a exemplo do interesse do deputado Adriano Galdino (Republicanos) de ser postulante a governador. Observou, no entanto, que as definições devem ser tomadas mediante um processo de construção e discussão entre os que compõem o agrupamento liderado pelo chefe do Executivo estadual, até porque estará em jogo, também, uma decisão sobre o futuro de João Azevêdo, mais precisamente sobre a sua candidatura ou não a uma vaga de senador. Pessoalmente, avalia que Azevêdo se consolidou como líder político e como gestor operoso, que teve o reconhecimento da maioria dos paraibanos quando foi reconduzido ao Executivo em 2022 derrotando o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) em segundo turno. Por isso mesmo, ressalta a importância que o governador terá na condução dos entendimentos no seu bloco para os embates futuros.
O prefeito reeleito analisou que um dos fatores responsáveis pela sua vitória, traduzindo voto de confiança de parcelas do eleitorado pessoense, foi o reconhecimento ao trabalho administrativo empreendido em João Pessoa ao longo das gestões que tem empalmado, em paralelo com a sua postura pessoal de “falar a verdade” na interlocução com os eleitores em torno de propostas agitadas e de concepções pragmáticas sobre o processo de desenvolvimento de João Pessoa. Cícero entende que tem realizado gestões de resultados na Capital paraibana, acompanhando os sinais de evolução que a cidade experimenta e o incremento das reivindicações e demandas dos segmentos da sociedade. Também destacou o contributo representado pela parceria estreita que tem mantido com o governador João Azevêdo. Ele conta que se aproximou de João Azevêdo quando este parecia isolado para enfrentar desafios de dimensão, como a pandemia de covid-19 e que na sequência foi alicerçando uma relação que se converteu em benefícios para a opinião pública, mediante atração de investimentos, execução de obras e serviços e elaboração conjunta de projetos para o futuro, quando a Capital alcançará hum milhão de habitantes.
De acordo com Cícero Lucena, apesar de ter enfrentado uma campanha desgastante no enfrentamento com adversários que tentaram desqualificá-lo e à sua administração, não se preocupou em descansar ainda da maratona política-eleitoral, pois se sentiu na obrigação de atender a expectativas e deflagrar investimentos que já estavam programados no seu cronograma, com a consequente garantia de recursos para viabilizá-los. Considera que João Pessoa vive um dos melhores momentos da sua história, com estatísticas positivas de incremento do seu crescimento e exploração das suas potencialidades por grupos de investidores de outros Estados e até mesmo do exterior, atraídos pelas vantagens que a Capital oferece. Acrescenta, envaidecido, que houve êxitos em outros aspectos, como no crescimento da geração de emprego e renda, enquanto a administração levou à frente iniciativas em setores estratégicos como a educação, saúde, mobilidade urbana e turismo. “É claro que não vivemos num paraíso, pois temos nossos problemas, mas o próprio sentimento de autoestima do povo pessoense é outro e sinaliza otimismo com as intervenções do poder público em prol da cidade”, revela.
Com sua eleição a um quarto mandato, Cícero Lucena superou ex-prefeitos como Luciano Cartaxo e Ricardo Coutinho, do PT, que foram contemplados apenas para duas gestões em João Pessoa. Em 2020, Ricardo Coutinho perdeu para Cícero Lucena, que assinalava seu retorno depois de um período de afastamento da vida pública e este ano Luciano Cartaxo, que tentou desafiá-lo, ficou na quarta colocação na contagem final dos votos válidos. Ao falar em retrospectiva sobre esses resultados, o prefeito Cícero Lucena comenta que estabeleceu-se uma conexão direta entre ele e o povo pessoense, fruto do seu conhecimento dos desafios e da experiência demonstrada com vistas a resolvê-los. Juntamente com o seu vice, Leo Bezerra (PSB), o prefeito reeleito acena com perspectivas promissoras para a Capital paraibana e disse torcer pela eleição do deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos) à presidência da Câmara Federal, pela possibilidade que ele terá de contribuir para o escoamento das demandas prementes da população local.