Nonato Guedes
Responsável pela articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, afirmou que confia no compromisso do deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos) de ajudar a governabilidade caso seja eleito presidente da Câmara dos Deputados. Ao colunista Igor Gadelha, do “Metrópoles”, Padilha disse não ter dúvidas de que o parlamentar é favorito na disputa pelo comando da Casa atualmente presidida pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) porque soube construir apoios em diferentes partidos para viabilizar seu projeto. Padilha observou que confia em Motta apesar da desconfiança de parte de integrantes do governo no deputado, por conta das suas ligações com Ciro Nogueira, do Progressistas, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, que foi quem deu partida ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O argumento de Padilha é o de que Hugo Motta foi responsável por ajudar a aprovar projetos importantes encaminhados pelo Executivo ao Congresso Nacional, a exemplo da reforma tributária e de propostas de retomada das políticas sociais. “Conheço Hugo Motta desde quando fui fazer campanha para a família dele e para o PT em Patos (PB) e conheço ainda mais ele como líder do Republicanos na Câmara no ano passado. Eu confio no Hugo Motta que vi como líder partidário e, este ano, como alguém que ajudou muito a aprovar reforma tributária, marco fiscal, criação de políticas sociais. Eu confio nessa figura e o PT está confiando também nos compromissos dele”, enfatizou. A seu ver, outros dois deputados que se lançaram ao páreo, como Elmar Nascimento, do União Brasil-BA e Antonio Brito, do PSD-BA, também colaboraram com o governo mas não são favoritos. “Os dois também tiveram uma postura muito positiva com o governo, mas por algum motivo da Câmara, não têm tanto apoio quanto o candidato Hugo Motta. Sem dúvida, ele (Hugo) é o favorito nessa disputa”.
O ministro também reiterou que, apesar de o Partido dos Trabalhadores apoiar Motta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende interferir no processo eleitoral na Câmara dos Deputados, cujo desfecho deverá ocorrer em fevereiro de 2025. “O presidente Lula tem uma postura de respeito ao processo interno da Câmara, de não querer interferir. Então, o presidente não deu aval para A ou B, mas ele, quando recebeu o líder que representa o seu partido, disse que respeita a condução do PT”, acrescentou. De acordo com Padilha, essa posição do presidente foi firmada desde o começo do ano quando o debate foi deflagrado sobre a sucessão na Mesa da Câmara. “Ele faz isso pela experiência política de quem já governou esse país e de não querer se imiscuir numa decisão que cabe aos deputados”, pontuou. O ministro acredita que Hugo Motta está ganhando cada vez mais apoios e, ao falar da sua postura colaborativa, disse que o governo Lula, em um ano e 10 meses, tem a maior taxa de aprovação de projetos de iniciativa do governo na história da democratização, com a recriação de 16 políticas sociais que dependiam do crivo do Congresso Nacional. “Houve uma parceria fundamental do líder Hugo Motta na aprovação de todas as matérias”, reafirmou.
Por outro lado, o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), que desistiu de concorrer ao comando da Câmara em favor do nome de Hugo Motta, explicou que sua atitude foi motivada pelo atual presidente Arthur Lira, que preferiu dar “musculatura” a uma candidatura que angariasse maior adesão entre os partidos. De acordo com Marcos Pereira, Lira afirmou que não poderia perder a eleição e, por isso, decidiu que a melhor opção seria estar ao lado de Hugo Motta, que teria maior força para garantir apoio entre as siglas. “Ao ver que a candidatura de Hugo poderia ter mais aderência, ele foi para o pragmatismo de não correr riscos no resultado de fevereiro”, analisou. Quando tornou pública a sua decisão abrindo mão de permanecer no páreo pela presidência da Câmara, Marcos Pereira oficializou, também, a preferência por Hugo Motta, que dispôs de carta-branca para se reunir com líderes como o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de negociar com chefias de partidos políticos sobre a distribuição de espaços na Mesa Diretora que deverá vir a conduzir a partir do próximo ano.
Entretanto, Marcos Pereira afirmou que, há mais de um ano e meio, já era avisado por outros políticos sobre o “trunfo” que seria ter Hugo Motta no seu partido e acredita que a decisão foi a melhor a ser tomada, nas condições de temperatura e pressão que rondam o ambiente político em Brasília. “Entendi, igualmente, que pela experiência de quatro mandatos, o deputado Hugo Motta poderia vir a representar essa candidatura. E o resultado está se verificando, com inúmeros partidos declarando apoio à sua pretensão”, frisou. Nas últimas horas, o senador paraibano Efraim Filho, líder do União Brasil no Senado, admitiu movimentos de bastidores para levar o deputado Elmar Nascimento a desistir da candidatura a presidente da Câmara, com isto abrindo espaço para que o partido consiga se fazer representar na futura Mesa. Efraim, que teve o apoio do partido de Hugo Motta na Paraíba para se eleger ao Senado em 2022, salientou que a vitória do colega de Parlamento está praticamente cristalizada, diante dos expressivos apoios que tem assegurado até agora.