Nonato Guedes
O deputado Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, que ainda esta semana assume interinamente o Executivo estadual, no rodízio com o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) no período de substituição do governador João Azevêdo (PSB), que está descansando, no exterior, foi enfático em declarações nas últimas horas sobre o seu propósito de ser candidato ao Palácio da Redenção em 2026, dentro do esquema liderado por Azevêdo. Desta feita, ele pontuou que não lhe interessa outro cargo, nem mesmo majoritário, na chapa a ser formada lá na frente, ressaltando que o interesse pelo governo decorre da análise de que se considera preparado para reger o Executivo, coroando, desta forma, sua trajetória política, que ganhou repercussão a partir de sucessivas eleições ao comando do Legislativo e, também, da sua gestão colegiada que atrai apoio de parlamentares até mesmo do bloco oposicionista. É visível a ofensiva do parlamentar para consolidar-se no páreo sucessório, de tal forma que vai se impondo indiscutivelmente no ‘radar’ para 2026.
A pretensão de Adriano em ser candidato à sucessão de João Azevêdo tem sido agitada com bastante antecedência por ele mesmo, na presença do próprio governador, em eventos ou em entrevistas à imprensa. Para analistas políticos, o intento ganhou força quando se criou a possibilidade de vitória do deputado federal Hugo Motta, presidente do Republicanos no Estado, à presidência da Câmara dos Deputados nas eleições de fevereiro de 2025. Até então, Hugo Motta vinha sendo cogitado ora para disputar o governo estadual, ora para concorrer a senador em dobradinha com João Azevêdo, que ainda não definiu se vai mesmo encarar a disputa ao Senado ou então permanecer à frente do cargo até o último dia de mandato. Mas a velocidade imprimida à articulação para fazer Hugo Motta triunfar na jornada ao comando da Câmara vem tornando crescentemente viável a orquestração que está sendo conduzida a partir de Brasília, com apoios expressivos de parlamentares de diferentes legendas com quem o deputado da região das Espinharas tem dialogado, do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governador João Azevêdo já chegou a ser confrontado pela imprensa local sobre o interesse do deputado Adriano Galdino em sucedê-lo, fazendo-se candidato do esquema à sucessão em 2026. Deixou claro, a respeito, que não opõe nenhum óbice e que considera mesmo legítima a pretensão, da mesma forma como considera legítima uma virtual pretensão do vice-governador Lucas Ribeiro, do Progressistas, ou de expoentes do PSB como o secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos Deusdete Queiroga. O que João Azevêdo tem alertado é para a necessidade de construção de uma candidatura que tenha potencial concreto para unificar as forças políticas agregadas atualmente em torno do projeto empalmado pelo socialista reeleito em 2022 contra Pedro Cunha Lima. Nessa hipótese, os eventuais postulantes teriam que se mobilizar para firmar apoios, consensos, adquirir simpatias e receptividade junto a líderes políticos e chefias partidárias, além de buscar identificação com a chamada voz rouca das ruas, que é quem dará a palavra final sobre ambições que estejam no radar para o pleito de 2026, que prenuncia ser bastante radicalizado em virtude de injunções da conjuntura nacional envolvendo a polarização entre bolsonaristas e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Também tem sido constante nas palavras do governador João Azevêdo a assertiva de que a Paraíba, sob a sua liderança, vive uma situação extremamente auspiciosa, a partir do cenário de equilíbrio fiscal-financeiro que tem sido assegurado pela sua administração, vencidos alguns impasses e desafios, como o negacionismo do governo anterior, de Jair Bolsonaro, em relação a reforço para o combate à pandemia de covid-19 no Estado. As medidas de recuperação econômica adotadas pelo gestor socialista em seu primeiro mandato e que estão tendo continuidade acelerada agora, com aporte de recursos do governo federal, levam João Azevêdo a concluir que se trata de um “excelente momento” que não pode ser desperdiçado por gestões futuras, sob pena de submeter a população paraibana a retrocessos indesejáveis, principalmente no que diz respeito à execução de políticas públicas que sejam capazes, efetivamente, de transformar realidades locais e produzir sinais de emancipação das camadas mais carentes da sociedade paraibana. É pela continuidade desse programa que João Azevêdo se empenhará, com todas as energias, por considerar que se trata de um influxo histórico que pode trazer resultados ainda mais auspiciosos no contexto dos demais Estados da Federação.
O deputado Adriano Galdino, inegavelmente, tem se mostrado um aliado importantíssimo para as duas administrações de João Azevêdo, colaborando, na Assembleia Legislativa do Estado, para o pronto encaminhamento e aprovação de matérias de interesse do Executivo. Como responsável pela definição das pautas, Adriano Galdino tem agilizado discussões e votações e tem feito, muitas vezes, até mesmo o papel de líder informal do governo, sensibilizando parlamentares de oposição a votarem com um crédito de confiança em iniciativas de interesse público. Esse comportamento firme do dirigente da Casa de Epitácio Pessoa é que tem viabilizado o êxito da chamada governabilidade, num quadro exemplar para outros Estados da Federação onde conflitos entre poderes são frequentes. Adriano sabe que terá uma longa e árdua jornada pela frente para costurar uma candidatura irreversível ao governo, mas não exibe sinais de hesitação ou de desencorajamento. É um nome que não pode mais ser descartado na mesa de apostas para a sucessão estadual em 2026.