Por Toninho Kalunga
O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, é um dos 37 indiciados da Operação “Tempus Veritatis”, – que traduzido do latim, significa “HORA DA VERDADE” , – como sendo integrante do núcleo jurídico no “Assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
Ou seja, o padre José Eduardo é um golpista. Sua postura nos últimos anos é muito mais de um militante da Extrema Direita do que de um sacerdote católico. Sua visão, estereotipada e pessoal de mundo está, perversamente, acima da Doutrina Católica, acima da orientação histórica e deste momento da Igreja particular de Osasco, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) da CELAM (Conferência Episcopal Latino Americana e do Caribe) dos Documentos e Encíclicas Pós Vaticano II e, principalmente, ficou acima do Evangelho.
Padre José Eduardo se perdeu no personagem que criou e que ficou maior que ele. O extremismo da Direita – com todas suas mazelas – o alçou ao patamar de liderança religiosa que jamais teria alcançado nas comunidades da periferia da Diocese de Osasco.
O poder trazido pela celebridade o inebriou e passou a ser mais importante e rentável, estar nas bancas e holofotes da venda de cursos de orientação religiosa que mais se assemelham aos sepulcros caiados do que dos atos de acolhida, perdão e amor proposta por Jesus Cristo, o filho de Maria.
Padre Zé Eduardo foi dominado pela fama dos Likes das longínquas Redes Sociais e de seguidores de internet e as trocou por seu povo paroquial e diocesano, participando do esquema da quadrilha que tramava um golpe contra a democracia brasileira.
Preferiu se submeter a Bolsonaro, e as propostas conspiradoras de destruir a democracia brasileira, abrindo mão de ser sacerdote de suas comunidades.
Traiu o povo que despertou sua vocação para ser parte de uma trama que deixaria muitos dos leigos e mesmo colegas de sacerdócio em risco de vida, que retiraria direitos para combater um suposto comunismo que só existe em sua megalomania que lhe dá lucro monetário. Neste caso, não são apenas 30 moedas. É muito mais que isso!
O que este padre defendia era uma ditadura. Essa conversa amarela de que ocupava um lugar de escuta e partilha da fé é a mais cruel face de um covarde que diante da hora da verdade , se protege na caricatura de um sacerdote, mas nas salas fechadas do bolsonarismo, tramava o expurgo da democracia, que teria como consequências , a perseguição, a tortura e a morte daqueles que, como eu e tantos outros, se posiciona contra a política de morte (necropolitica), trazida pelo governante que ele passou a admirar mais que a seu bispo, aos seus colegas de presbitério e aos leigos desta e de outras Dioceses, não importando que sejamos seus irmãos de fé.
Nem falo do que gente como ele pensa sobre Papa Francisco, pois a este, sua linha ideológica o trata como sendo um inimigo de sua fé.
O que esse sacerdote estava defendendo é algo inimaginável, pois, se tiveram a ousadia de planejar a morte do Presidente da República, do Vice Presidente e de um ministro da Suprema Corte, imaginem o que teriam coragem de fazer com pessoas como eu e milhares e milhares de outros e outras militantes??
Quem conhece Padre José Eduardo de perto sabe de sua limitação teológica. Assim, se apega a nomes esporádicos de ideólogos da extrema direita mundial e local, pinçando palavras que, aos olhos dos incautos, parecem ser de uma grande sabedoria. Não é!!
Para ser reconhecido como um famoso frequentador dos palacetes do poder, permitiu, através de sua condição de pastor – que aceitou ser usado para uma proposta que poderia matar, inclusive, suas ovelhas, disseminar doutrinas religiosas da idade média como se fossem temas religiosos deste momento histórico da Igreja e da humanidade.
A maior diferença na perspectiva da fé entre nós, progressistas católicos, e desta gente extremista, é que não buscamos o rompimento com a fé católica em razão do Papa de plantão ser distante de nosso posicionamento ideológico. São João Paulo II e Bento XVI eram expoentes de uma doutrina católica mais próxima das perspectivas políticas do conservadorismo católico e nem por isso, nós que somos, ligados à Teologia da Libertação propúnhamos o rompimento e o cisma com a Igreja. Ao contrário do que eles fazem com Francisco, João XXIII e Paulo VI.
Respeitamos e participamos da vida comunitária, rezamos com verdade no coração por nossos Papas e temos comunhão com a Igreja de Roma. É isso que nos une!
É muito claro para todos e todas nós, progressistas, que o sucessor de Pedro tem a legitimidade dos apóstolos. É muito claro para nós perceber que o Bispo de cada Igreja Particular, de cada uma das Dioceses e Prelazias existentes, devem ser respeitados como sendo o representante legítimo do Papa em nossas comunidades e a eles devemos respeito e obediência religiosa, por mais que possamos também discordar de seus pontos de vista no que se refere ao mundo secular (sociedade civil). Mas não vivemos para propor rompimento e acusar Francisco de ser impostor.
É muito claro para nós que o Concílio Vaticano II é a orientação máxima na doutrina da Igreja Católica Romana e que o Papa atual é Francisco.
Também, nós progressistas, defendemos que o Magistério da Igreja Católica é o tutor da fé Católica que tem em seu bojo, entre outras, a concepção belíssima da Doutrina Social da Igreja como parâmetro da ação dos cristãos no mundo. O pecado social é tão ou mais perverso do que os pecados individuais.
Nós cristãos progressistas, defendemos a democracia como forma de governo e a auto determinação dos povos como parâmetro para a escolha destes governantes, porque entendemos que o sistema capitalista é manipulador e antidemocrático em razão de sua natureza, pois privilegia os ricos em detrimento dos pobres e usa o poder financeiro para destruir governos e povos que discordem de projetos ditatoriais da ditadura financista global que limita e impede o desenvolvimento dos países pobres, que é exatamente os que estão ao lado de Padre José Eduardo, praticam.
Mas quando algum padre ou qualquer outra pessoa é contrário às nossas ideias, não os tratamos como inimigos que devam ser calados e mortos pelas forças policiais e políticas do Estado.
Pois em nossa concepção, quem sofreu isso, literalmente, na pele foi Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre. Como é então, que um cristão – e ainda mais inacreditável – um padre possa defender uma ditadura ? Pior ainda… Participar desta trama?
A lei deve ser cumprida contra todos aqueles que tentem derrubar a democracia e que sejam garantidos aos acusados de qualquer crime, o absoluto e irrestrito direito à defesa ampla e irrestrita, coisa que, como estamos vendo, seria a primeira coisa que queriam retirar da sociedade, bem como o Direito que tenham um juiz imparcial que os julgue e um ministério publico que promova a justiça e não os holofotes da mídia e das redes sociais.
É necessário dizer que a Doutrina Social da Igreja, ao contrário do que dizem sacerdotes como Padre José Eduardo, não é comunista não senhor senhores padres da extrema direita. Vocês não vivem no século XII.
A doutrina Social da Igreja é a flor e o fruto brotadas diretamente do mais profundo entendimento do Evangelho e reconhecidas pela sabedoria dos Cardeais, Arcebispos, Padres e LEIGOS E LEIGAS no decorrer do tempo histórico, as CEB´S, as Pastorais Sociais, as Congregações e Dioceses que compreendem isso, vivem em vigor que não trocamos por nenhum cerco de Jericó, mas ao mesmo tempo, queremos que essa proposta amadureça para que um dia, permitam que Jericó não precisr ser cercada, que o perdão e a fraternidade os liberte e sendo livres, possam conviver em paz com todos nós!
Quem não reconhece a beleza e essa Luz que nasce do mais profundo âmago do catolicismo é que está fora da comunhão com a Igreja.
A última vez que tive paciência para ouvir trechos das falas de Padre José Eduardo em recortes que nos deixam atônitos, o mesmo falava sobre sua certeza e que através de suas orações Deus iria agir para derrotar os perversos que manipularam as eleições presidenciais de 2022.
E não é que Deus atendeu a oração dele??!! E nem precisou usar anjos para a tarefa. Bastou a Polícia Federal, para dar conta da situação. Nesse episódio, o dito padre pregava sobre o poder da oração. Tenho que reconhecer. Nesse ponto, nós concordamos e nos irmanamos em oração, pois pelo menos essa de fato – reconheço – funcionou!!