Durante a sessão de ontem, em Brasília, quando a Câmara dos Deputados votou o pacote de revisão de gastos públicos enviado pela equipe econômica do governo Lula, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aproveitou para fazer um discurso de despedida da sua gestão de quatro anos, revelando que a partir de fevereiro, com a posse do sucessor, voltará ao “chão de fábrica”. O parlamentar, no entanto, é cogitado para ocupar um ministério no governo do presidente Lula. Houve uma série de homenagens a Arthur Lira, inclusive, com choro por parte de alguns deputados. O deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos), que deverá ser o sucessor de Lira, ressaltou o trabalho feito por ele.
– O seu trabalho, a sua firmeza, o seu objetivo sempre de construir consensos, de procurar ter o interesse do povo brasileiro sempre à frente de qualquer interesse momentâneo, partidário, de um lado ou do outro, procurou sempre honrar a confiança que nós parlamentares depositamos em Vossa Excelência por duas vezes – enfatizou Hugo Motta. A deputada Marussa Boldrin, do MDB-GO, chegou a se emocionar no plenário ao agradecer a Lira pelo apoio dado ao agronegócio durante o tempo em que ele esteve à frente da Casa. “Presidente Arthur, falo aqui como cidadã brasileira, como cidadã goiana, e me emociono. Eu nem estava aqui, mas fiz questão de voltar por toda a entrega, por toda, às vezes, até a armadura que o senhor tem que pôr para estar nessa cadeira, disse a deputada.
E completou Marussa: “A gente entende tudo isso. E eu quero aqui, em nome desse time que está aí com você, registrar que sei o quanto que o senhor deve ter abdicado da sua família para estar aqui representando o povo brasileiro, representando todo o agro que eu represento, que o senhor nunca se absteve em nenhum momento de estar junto com a gente”. Lira agradeceu ao posicionamento de todos os deputados e destacou que terá outras oportunidades até o fim de sua presidência na Casa, prevista para encerrar em três de fevereiro, para conversar com os colegas da Câmara.
Arthur Lira teve um mandato marcado por embates com o governo federal e também com o Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara não escondeu o descontentamento por diferentes medidas adotadas pelo Palácio do Planalto e chegou a enfrentar a Suprema Corte ao avançar com pautas para limitar os poderes dos ministros, diante da suspensão das emendas parlamentares que, aliás, constituíram uma das principais defesas da gestão do político alagoano.