Nonato Guedes
O desempenho da bancada federal da Paraíba no Congresso, sob a liderança do deputado Murilo Galdino, do Republicanos, foi marcante em 2024 do ponto de vista dos destaques individuais. Dois exemplos de destaque foram o senador Efraim Filho, do União Brasil, com sua pauta versando sobre a desoneração da folha de pagamento de empresas de vários setores produtivos, que encontrou receptividade tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, e o deputado Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, que ganhou projeção como relator inicial do projeto de reforma tributária, que acabou sendo regulamentado no apagar das luzes do trabalho legislativo. Outros políticos destacaram-se no papel de líderes de partidos ou de bancadas e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) concluiu uma brilhante passagem pela primeira vice-presidência do Senado, em que reforçou a gestão de Rodrigo Pacheco, além de priorizar interlocução privilegiada com o Palácio do Planalto na tramitação de matérias de relevante interesse público. O próprio Murilo tem se empenhado para agilizar obras da transposição das águas do rio São Francisco no território paraibano, levando pleitos ao próprio presidente Lula.
Para analistas políticos e expoentes da opinião pública, porém, restou a impressão de ter faltado uma atuação conjunta maior da bancada paraibana, composta de quinze integrantes, para liberar recursos destinados a obras e projetos estruturantes que beneficiem o Estado, a exemplo da triplicação da BR-230, de Cabedelo a Oitizeiro, que se arrasta penosamente desde governos anteriores e, na prática, não sai do papel. A bancada foi pródiga em audiências com ministros de Pastas estratégicas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encaminhando demandas referentes, sobretudo, a infraestrutura e recursos hídricos, bem como buscando suporte para iniciativas no campo das energias renováveis, espécie de novo filão da economia paraibana em franca ascensão. Entretanto, os resultados não se fizeram sentir a curto prazo, adiando expectativas alimentadas junto à população pelos seus próprios representantes. Ao que consta, não houve discriminação de ministros no atendimento a parlamentares paraibanos, embora os que compõem a base do governo Lula sejam mais assíduos e, aparentemente, tenham mais trânsito nesses órgãos.
A bancada carece de proatividade mais eficiente, que possibilite avanços na gestão pública, tal como ocorre com bancadas de outros Estados que são mais articuladas ou possuem maior poder de pressão e assumem, mesmo, condição de competitividade. Por assim dizer, falta “agressividade” aos paraibanos, no bom sentido, para sensibilizar escalões de poder, não apenas na esfera pública mas, também, na iniciativa privada, e carrear empreendimentos e investimentos que acelerem o processo de crescimento econômico e social do Estado. Essa proatividade maior combinaria perfeitamente com a atuação incansável do governador João Azevêdo (PSB), no sentido de destravar projetos encalhados ou obras paralisadas, geralmente em consequência de entraves burocráticos, como tem sido noticiado em relação a casos específicos. O chefe do Executivo tem sido presença constante em Brasília ou em outros lugares onde avulte a atuação do presidente da República ou do governo federal. Em paralelo, recorre a uma trincheira que lhe é familiar, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Nordeste (Consórcio Nordeste) para agregar demandas da Paraíba a propostas e reivindicações de outros Estados da região, num esforço comum para favorecer o Semiárido, que vive realidade transformadora atestada por especialistas em políticas públicas e desenvolvimento.
O empenho do governo João Azevêdo tem se refletido nos índices positivos alcançados em diferentes setores, sendo palpável a conjuntura de equilíbrio fiscal e financeiro, conforme expresso no Rating A conferido reiteradamente pela Secretaria do Tesouro Nacional, indicando a execução na Paraíba de um processo de responsabilidade administrativa que, em última análise, credencia o Estado a ser bafejado por incentivos e por programas de alcance social. O coroamento do êxito da transformação que se vislumbra na Paraíba deverá estar representado na eleição do deputado Hugo Motta, do Republicanos, à presidência da Câmara Federal, que, mesmo sem necessariamente privilegiar o seu Estado de origem, poderá oferecer colaboração induvidosa para apontar caminhos mais rápidos para a construção de uma Era redentora, tão ansiosamente aguardada ao longo dos anos, inclusive, como compensação a discriminações odiosas perpetradas contra a Paraíba em outras etapas da história administrativa nacional.
O que a sociedade deseja é que se fortaleça o espírito público de caráter coletivo por parte dos representantes da bancada paraibana na Câmara Federal e no Senado, superando divergências políticas-partidárias e, igualmente, enxotando vaidades e ambições pessoais, para que haja uma coesão elevada na defesa das pautas mais urgentes e abrangentes da conjuntura estadual. A partir de João Pessoa, com um incremento espetacular do Turismo, o Estado tem conseguido se projetar afirmativamente no contexto das demais unidades federativas da região e, mesmo, no contexto nacional, pela aposta que tem empreendido na criatividade, no espírito de luta do povo e na vontade de avançar para a construção de um cenário mais justo para todos. Talvez nunca na sua história a Paraíba tenha estado, como agora, numa situação tão privilegiada nas esferas de poder. A hora, pois, é de aproveitar, e não de desperdiçar oportunidades, e este é o grande embate que se espera para o próximo ano da parte dos senadores e deputados que mereceram a confiança popular dos paraibanos.