Nonato Guedes
A confraternização natalina de líderes oposicionistas em Intermares foi o pontapé da ofensiva que será agitada durante todo o ano de 2025 para preparar o bloco com vistas à disputa ao governo do Estado em 2026. Como principal expoente da estratégia destaca-se o senador Efraim Filho, que se coloca à disposição com antecedência para concorrer ao Executivo, repetindo fórmula que em 2022 acabou por consagrá-lo como detentor da única vaga senatorial em disputa. Efraim já fala como o futuro líder do União Brasil na gestão que será empalmada a partir de fevereiro por um correligionário ilustre – o senador pelo Amapá Davi Alcolumbre, em campanha ostensiva para voltar à presidência da Casa Alta. Do ponto de vista da realidade local, Efraim busca se credenciar ao papel que coube ao ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) representar na campanha de 2022, sem descartar outros nomes viáveis. Como ingrediente novo, o senador do União traz a ampliação do bloco oposicionista, agregando à sua postulação figuras do PL como o deputado federal Cabo Gilberto Silva e o deputado estadual Walbber Virgolino, bolsonaristas de carteirinha.
A presença, na confraternização, dos ex-senadores Efraim Moraes (anfitrião do evento) e Cássio Cunha Lima (PSDB) simbolizou uma espécie de aval de “condestáveis” da realidade política local, que já estiveram em posições elevadas no jogo de poder, influenciando decisivamente os rumos da conjuntura paraibana e que continuam proativos na militância, operando nos bastidores com vistas a indicar caminhos e atalhos que levem ao fortalecimento da oposição ao esquema do governador João Azevêdo (PSB). A leitura que tem sido feita, repetidamente, pelo senador Efraim Filho, é a de que a correlação de forças está mais equilibrada no Estado entre grupos que se enfrentam, a partir mesmo da votação expressiva alcançada por Pedro Cunha Lima, que o levou a avançar para o segundo turno e, no final das contas, amealhar 47% dos votos em confronto acirrado com o executivo reeleito João Azevêdo. As eleições municipais de 2024, conforme Efraim, teriam espelhado claramente esse equilíbrio, diante da expansão da oposição por redutos valiosos como a Grande João Pessoa. A fotografia mostra, ainda, insatisfações pontuais com o esquema governista em diferentes municípios, como rescaldo da disputa pelas prefeituras e como consequência de posturas “equivocadas” adotadas pelo chefe do Executivo.
O senador Efraim Filho, na condição de protagonista principal do processo que mobiliza lideranças interessadas em ascender ao poder ou em promover a alternância nos escalões de poder estadual, aposta prioritariamente na construção da unidade como vetor da ampliação da força oposicionista, mediante atração de dissidentes ou descontentes ainda vinculados à base oficial mas flexíveis a outras alternativas no cenário paraibano. Em relação ao Republicanos, presidido pelo deputado federal Hugo Motta, que já abriga um pretendente à candidatura a governador, o deputado estadual Adriano Galdino, Efraim Filho age com habilidade mas também com firmeza, entendendo que, pessoalmente, não é devedor daquele partido, já que compromissos assumidos para 2022 foram cumpridos. Avalia, portanto, que o jogo está zerado, com espaços de sobra para novos realinhamentos a serem discutidos em cima da realidade que vier a se descortinar até o pleito propriamente dito em 2026. O parlamentar está aberto ao diálogo em bases realistas, sem a garantia, de sua parte, de declinar de pretensões que, conforme disse, estão virando “mantra” no bloco oposicionista.
O sentimento forte que aglutina os líderes oposicionistas na Paraíba é, mesmo, o de revanche política no confronto com o grupo que está no governo do Estado. Efraim e seus aliados contabilizam que a hegemonia nascida no interior do PSB com o ex-governador Ricardo Coutinho já está se tornando longeva no quadro local, podendo avançar para duas décadas a partir de 2026 sem que a oposição tenha tido a oportunidade de se cristalizar eleitoralmente e, desta forma, colocar em prática experiências administrativas que não estariam sendo implementadas durante todo esse período. O parlamentar do União Brasil não radicaliza ao ponto de negar mudanças ou transformações que estão ocorrendo nos últimos anos no Estado, mas não as credita exclusivamente a uma ação articulada ou exitosa das gestões do PSB, preferindo identificar como pulsante a atuação de setores produtivos ligados à iniciativa privada e que, independente de incentivos governamentais, estão viabilizando novos nichos de desenvolvimento na Paraíba, contribuindo para a emancipação apontada até por estatísticas oficiais confiáveis. E é com os agentes autônomos da sociedade, que operam à margem do consórcio estatal, que as oposições esperam governar a Paraíba e implantar um novo modelo de desenvolvimento, cabendo a segmentos conscientes da sociedade compartilharem com a oposição o projeto de realidades emergentes de poder.
Apesar do surpreendente desempenho de Pedro Cunha Lima como candidato ao governo em 2022, avançando por bastiões governistas localizados no entorno da Capital paraibana, o senador Efraim Filho se oferece como alternativa ao Executivo mediante consenso das forças que estão agrupadas no combate a João Azevêdo e ao seu esquema. O raciocínio dominante no bloco oposicionista é que está acirrada a luta interna entre o PSB, PP e Republicanos pelo controle de cabeça de chapa na disputa sucessória em 2026 e que o governador João Azevêdo não terá, daqui para frente, instrumentos de cooptação de agentes políticos que possam abraçar o nome que vier a ser ungido para representar o governismo. É em face de infinitas possibilidades que estariam se abrindo que o bloco de oposição movimenta-se desde já, em múltiplas frentes, para se fortalecer e chegar em posição de favoritismo nos embates que estão inscritos no calendário político-eleitoral futuro da Paraíba.