O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a proposta do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) que altera as regras para as eleições de renovação de 2/3 do Senado em 2026, quando 54 das 81 cadeiras estarão em disputa, e propõe que os eleitores escolham somente 1 candidato por coligação, evitando-se a formação de “dobradinhas” políticas. Houve outras reações negativas na classe política e Randolfe, que é líder do governo no Congresso, informou ter retirado o PL de pauta, para que ele seja analisado junto com a reforma do Código Eleitoral em 2025. Conforme o texto de Randolfe, os eleitores só poderiam votar em 1 candidato para as duas vagas ao Senado em cada unidade da Federação. Os dois mais bem votados em cada UF serão eleitos. Se aprovada, a medida passaria a valer a partir de 2026, quando haverá renovação de 2/3 da Casa Alta.
Bolsonaro escreveu no X, antigo Twitter: “Na quase totalidade dos Estados, a tendência do PL, partido mais à direita, é lançar um só candidato ao Senado, buscando composição com outras siglas, se assim desejarem”. Com isso, esses partidos poderiam eleger mais de 40 senadores de um total de 54 vagas. “Uma maioria de centro à direita” garantiria o equilíbrio entre os Poderes e a volta da democracia em 2027”, declarou. Bolsonaro acusou a esquerda de manobrar com receio de sofrer “mais um fracasso” em 2026. “A esquerda trabalha em duas frentes: o eleitor ter direito a um só voto para o Senado e a aliança com candidatos de outros partidos que, caso eleitos, não tomariam posição durante seus mandatos (senador isentão). A direita e a centro-direita não podem errar. Primeiro, rechaçando o “voto único” e depois se compondo em boas escolhas de seus candidatos”.
De acordo com Bolsonaro, “com uma maioria de centro à direita haverá a certeza do equilíbrio entre os poderes e a volta da sonhada democracia em 2027”. Randolfe, cujo mandato se encerra em dois anos, enfrentaria dificuldades para se reeleger em seu Estado. Ele explicou ter retirado de pauta porque a proposta altera a lei que instituiu o Código Eleitoral em 1965, tema sobre o qual o Senado debaterá uma reforma no próximo ano. “Pretendo, então, apensar as análises”, revelou o senador à Agência Senado, adiantando que a ideia é adotar o princípio do voto uninominal para corrigir uma “jabuticaba brasileira”. O “Poder360” informou que o relator da reforma do Código Eleitoral, senador Marcelo Cstro (MDB-PI), não foi procurado ainda para tratar do assunto. O último parecer do congressista sobre o projeto, que trata da unificação das legislações eleitoral e partidária, foi publicado em 16 de dezembro.
O senador Rogério Marinho, do PL-RN, disse que o projeto de Randolfe demonstra “casuísmo, medo e truculência”. Já Ciro Nogueira, do PP-PI, reagiu: “Sou radicalmente contra a proposta, que retira do eleitor o direito de eleger os dois senadores. Na prática, ele só elegerá um. Se depender de mim, isso não vai prosperar de jeito nenhum”. Sérgio Moro, do União Brasil-PR, disse que é uma proposta que não deve prosperar porque representa mudanças nas regras de um jogo que, na prática, já começou. Jorge Kajuru, do PSB-GO, ponderou que assina embaixo a ideia do Randolfe de acabar com as dobradinhas. Eduardo Girão, do Novo-CE, frisou: “É um casuísmo sem precedentes, estão sentindo o cheiro da derrota. É um projeto sem pé nem cabeça, que tenta resguardar algumas cadeiras que o governo vai perder”. Efraim Filho, do União Brasil Paraíba, afirmou: “Ainda vamos avaliar o alcance e as implicações da mudança para compreender melhor a proposta”.