Nonato Guedes
O lançamento, amanhã, no Espaço Cultural, do programa “Paraíba 2025-2026”, será sequenciado pelo que está sendo chamado de “encontrão” do governador João Azevêdo (PSB) com expoentes políticos da sua base de apoio, a ocorrer no “Sonho Doce Recepções”. O evento administrativo servirá para a exposição de novas obras e ações para o novo biênio, contemplando todas as regiões do Estado com um grande volume de investimentos, em grande parte bancados com recursos do Tesouro paraibano. Já o “encontrão político” possibilitará ao chefe do Executivo estreitar laços com seus aliados de diferentes partidos, configurando, igualmente, uma oportunidade para que João Azevêdo possa dimensionar o tamanho do contingente aliado, em meio a investidas da oposição para rachar o seu esquema. Diz-se que será uma resposta à confraternização de fim de ano promovida pela oposição, sob a batuta do senador Efraim Filho, pré-candidato ao governo pelo União Brasil e que atraiu, até, remanescentes do PL bolsonarista como os deputados Cabo Gilberto Silva (federal) e Walbber Virgolino (estadual).
Na segunda-feira passada, o governador João Azevêdo patrocinou evento de repercussão, também no Espaço Cultural, desta feita a pretexto de fazer uma prestação de contas das ações administrativas de 2024. Chamou a atenção, na ocasião, o destaque dado ao secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, provável candidato ao governo, Deusdete Queiroga (PSB), que fez uma circunstanciada exposição do que está sendo feito com recursos próprios e com aporte de recursos de outras fontes, como o próprio governo federal, e cravou que a Paraíba vive um dos seus melhores momentos do ciclo administrativo em todos os tempos, com as contas equilibradas, a manutenção do equilíbrio fiscal-financeiro e um grande volume de investimentos já em execução e outros em perspectiva. Serão estes outros que virão a público na segunda rodada da ofensiva de marketing ensaiada por João Azevêdo e sua equipe de Comunicação para compartilhar com a opinião pública o que está “transformando a realidade do Estado”.
A Paraíba já conta atualmente, conforme dados oficiais, com 640 obras em execução, que somam R$ 5,3 bilhões de investimentos, dos quais R$ 4,7 bilhões são de recursos próprios do Estado. As obras são realizadas pela Secretaria de Infraestrutura, por meio dos órgãos que comanda, a exemplo de Suplan, DER, Cehap, Cagepa, sem falar em outras secretarias-meio que possuem programas de impacto. O que ficou evidenciado na semana passada foi que há uma mobilização governamental para promover o desenvolvimento dos municípios, gerar emprego e renda e assegurar o acesso da população a serviços públicos com cada vez mais qualidade e eficiência, assegurando a melhoria de vida e o fortalecimento das políticas públicas de inclusão social. Em sua fala, o chefe do Executivo chegou a proclamar que na Paraíba está sendo invertida a lógica de governos anteriores no que diz respeito à dependência crucial do Estado da injeção de recursos federais para alcançar níveis de crescimento. De acordo com ele, a ação planejada do seu governo, combinada com uma conjuntura externa favorável de demanda de investimentos e exploração de novas potencialidades econômicas na Paraíba, responde pelo “case de sucesso” em que a gestão local se converteu perante a própria mídia nacional.
O raciocínio do governador João Azevêdo é o de que comanda um governo que tem resultados concretos a oferecer e a entregar, para além das promessas de palanque ou de campanhas eleitorais, e que esses resultados estão, de fato, incrementando o desenvolvimento, com reflexos na ponta, junto a segmentos que lutaram por tantos anos para serem inseridos no processo. Como corolário dessa ofensiva empreendedora, a administração deseja compartilhar os números positivos com a classe política, principalmente com os aliados que dão apoio ao governo na hora da votação de matérias importantes para o “deslanche” em fóruns apropriados como a Assembleia Legislativa. João Azevêdo não quer atribuir somente a ele e aos seus auxiliares os êxitos conquistados porque julga que outros atores e protagonistas de relevo oportunizaram sua quota de colaboração decisiva para que o desideratum fosse alcançado. Nas entrelinhas desse discurso que é agitado pelo governador, está implícito um chamamento à união para fortalecer as próprias ações de governo e para que haja a repartição de dividendos. Será, então, a “hora da colheita”, na expressão do próprio João Azevêdo.
A estratégia que foi arquitetada pelos líderes governistas em cima dos resultados das eleições municipais de 2024, naturalmente, preocupa os expoentes da oposição paraibana, que não têm instrumentos qualificados de poder para apresentar resultados de impacto popular. O senador Efraim Filho tem feito um discurso veemente contra o governo, mas aludindo ao período de hegemonia no poder, que vai superar os 20 anos, sem entrar no mérito, entretanto, das ações governamentais proativas que estão sendo anunciadas. Do mesmo modo, outros adversários políticos como o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) parecem tolhidos na crítica, repisando a tecla da necessidade de alternância como viés do regime democrático. Em paralelo, os oposicionistas tentam cavar rachas e intrigas no esquema oficial para minar o grupo de João Azevêdo, que, por sua vez, demonstra ter fôlego para reagir, como será demonstrado amanhã no evento administrativo e no “encontrão político”.