Nonato Guedes
Indiscutivelmente atraídos pelo volume de investimentos do governo do Estado para o biênio 2025/2026, os aliados políticos de João Azevêdo (PSB) que estiveram no “encontrão” promovido numa casa de recepções da Capital reafirmaram, em suas falas, o discurso em prol da unidade do esquema para as disputas futuras, principalmente a de 2026, ainda que ecoassem ressalvas à antecipação da formação de chapa para cargos importantes no campo majoritário. Essa reafirmação ficou patente nas falas do deputado federal Hugo Motta (Republicanos), candidato favorito para presidir a Câmara, do deputado Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, e do próprio chefe do Executivo, mais preocupado em fazer repercutir o pacote de obras e ações governamentais, que nas suas palavras não tem precedente no histórico de gestão estadual, refletindo a conjuntura favorável que a Paraíba atravessa.
Os dois eventos promovidos pelo governador – o de prestação de contas referente a 2024, na semana passada, e o de ontem, com a projeção de recursos e de realizações que já estão asseguradas, fizeram parte da estratégia palaciana não somente para comunicar à opinião pública a situação de mudança que o Estado está experimentando, para melhor, mas, também, para engajar os aliados nesse contexto, com eles compartilhando os dividendos políticos-eleitorais e tornando-os partícipes de uma administração operosa, que entrega resultados concretos pautados no planejamento eficiente e antenado. Essa estratégia foi calculada, igualmente, para responder à oposição, que vem insistindo na tática de pescar em águas turvas mediante aposta no divisionismo das forças governistas para enfraquecê-las com vistas aos embates à vista. O senador Efraim Filho, do União Brasil, pré-candidato a governador em 2026, é o expoente maior da ofensiva oposicionista, valendo-se de instrumentos como a inteligência estratégica para tentar provocar rachas e, assim, engrossar as fileiras do bloco que dá combate ao governo João Azevêdo.
Um ponto que os governistas começam a colocar no radar para 2026, além da unidade entre as forças que integram o bloco, é a necessidade de empenho para a formação de chapa casada, de governador a senador, evitando-se o “acidente de percurso” verificado em 2022, quando políticos partidários da reeleição de João Azevêdo ao Executivo sentiram-se liberados para votar em Efraim Filho para o Senado, e não na candidata do esquema oficial, Pollyanna Dutra. Tal fato foi possível porque Efraim manteve-se na base governista até, pelo menos, à fase preliminar da campanha majoritária, período em que costurou a sua postulação ao Senado e garantiu compromissos, como se deu, por exemplo, com políticos do Republicanos. Quando Efraim se anunciou candidato oposicionista, na chapa liderada por Pedro Cunha Lima (PSDB) ao governo, não havia mais tempo útil para que palavras dadas fossem recuadas ou que compromissos assumidos fossem rompidos. A situação, é claro, foi constrangedora, especialmente, para o governador João Azevêdo, que não logrou fechar a coesão absoluta no seu agrupamento. Mas o fato é que a ambiguidade foi tolerada – e Efraim saiu com o troféu de senador, enquanto João assegurou a sua recondução em segundo turno.
Para 2026, a construção será no sentido de “amarrar” decisões antes do anúncio da chapa oficial, tanto para o Executivo (governador e vice) como para as duas vagas ao Senado que estarão em jogo, uma das quais poderá ser disputada pelo próprio João Azevêdo, que tem sido estimulado a tanto em virtude da receptividade administrativa que vem tendo, com as entregas que tem feito em paralelo com o esforço descomunal de sua equipe para manter a posição de equilíbrio fiscal e financeiro, reconhecida pela própria Secretaria do Tesouro Nacional em repetidas avaliações acerca do desempenho dos Estados na presente conjuntura. Foi sintomática a declaração do deputado federal Hugo Motta, ontem, de que os nomes de prováveis candidatos não devem ser agitados agora sem que, internamente, o esquema seja fortalecido, dado que isto significaria, na sua opinião, uma inversão de tática, podendo desencadear reações fora do “script” com que se trabalha. Hugo Motta pregou cautela na especulação de nomes, quer para o governo, quer para o Senado, prevenindo justamente a necessidade de aprofundamento dos entendimentos entre partidos da base aliada para a definição preliminar de nomes de candidatos.
O governador João Azevêdo, no evento no Espaço Cultural e, sobretudo, no “encontrão” político, agregou número expressivo de prefeitos municipais, alguns dos quais eleitos em 2024 e esperançosos de contar com a ação proativa do Executivo estadual para o incremento de obras e serviços nas cidades que passaram a administrar. É evidente que pairou entre os presentes a sombra da provável candidatura do governador João Azevêdo ao Senado, ainda que, de forma ostensiva, o chefe do Executivo seja cauteloso para não atropelar a marcha dos entendimentos. A necessidade dessa candidatura vai se tornando premente, conforme algumas lideranças políticas, devido à própria insistência da oposição em dividir o bloco governista. O governador João Azevêdo, para além da demonstração de força política, quer mostrar que tem estratégia e união no seu agrupamento e que estará pronto para liderar o bloco no embate pela manutenção da hegemonia no poder estadual. O foco na união passa a ser uma espécie de mantra para os liderados do governador..